domingo, 6 de dezembro de 2009

Amores e desamores

Há uma dicotomia que gostava de explorar aqui, de um prisma diferente do que foi feito já inúmeras vezes. Analisemos o Amor Trágico e o Amor Feliz - chamemos-lhe assim. Peçam a um escritor para escolher e que venha o Amor Trágico numa bandeja. Ele não quer saber se têm jeito, se não têm. Ele quer é que chorem baba e ranho, e despejem a raiva numa folha de papel, numa guitarra, numa tela ou até num jogo de futebol. O Amor Trágico passa o dia a ouvir rádio para encontrar uma letra de uma música com que se identifique; lê livros até cansar a vista para se resumir a si próprio numa frase; procura em todo o lado pequenos pormenores que lhe provem que não está só no mundo, na sua grande e inefável tristeza.
O Amor Feliz não. O Amor Feliz é um íman. Atrai tudo o que o Amor Trágico faz questão de dificultar. Não enche medidores de desabafos, não fertiliza o negro e o azedume que paira na criatividade, põe-te um sorriso na cara e ainda faz os dias mais bonitos. Não pede nada em troca e ainda te cumprimenta todas as manhãs.
O Amor Trágico faz chover no Inverno e no Verão. Escolhe roupas mal combinadas, obriga-te a ir com elas e a arrepender-te a meio caminho. Leva-te a escolhas mal ponderadas e a arrependimentos de palmo e meio. Traz-te sem nada na mão e deixa-te à porta de casa sem chave para entrar. Pior, tu gostas. E repetes. Não queres sair da rotina porque é aquela a que estás habituado.
O Amor Feliz deixa-te tão hipnotizado que nem reparas como chegas a casa tão depressa. Esqueces-te da chave mas a porta está encostada, por sorte. Ficas com desejo de Bolo Rei e, por sorte, está um por abrir na mesa da cozinha. Vais-te deitar na cama feita com lençóis lavados e, por sorte, já aberta. No fim, nem te ocorre pensar sobre a sorte que tiveste, durante o dia.
O Amor Trágico faz-te passar Noites Difíceis, culpa-te a ti e os outros por não conseguires adormecer, e ainda define o despertador para te acordar mais cedo que o previsto. Despenteia-te da forma mais irresolúvel possível e desenha-te as maiores olheiras da turma. Chama-te tudo, menos pelo teu nome. Tu agradeces. Mas não adormeces. Querias. Mas não adormeces. Direita, esquerda, direita outra vez, desespero e uma volta na varanda. O quente da cama ajuda. O Amor é que não.
O Amor é fodido, dizia o MEC. Quem o fodeu fomos nós, digo eu.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Thougts of a dying atheist

Dirigiu-se à varanda, abriu as portadas e respirou o ar gelado. Não estavam mais que cinco graus, lá fora, e o grito da noite era um voto de silêncio. Acendeu o último cigarro, esfregando as mãos uma na outra para enganar o frio. Tirou da mochila a máquina fotográfica e registou a cara da cidade, naquele instante, vezes sem conta. Tantas vezes já o tinha feito e tão poucas lhe soube que se estava a repetir. Havia algo ali de difícil descrição. Algo a pedir o uso do velho ditado, uma imagem vale por mil palavras. Ao fim de cem disparos considerava-se na posse de cem mil palavras. Escrevera uma enciclopédia sobre ela, pensou. E mesmo assim não bastava. Queria mais. Queria todas as páginas do universo manchadas com a tinta da sua caneta velha. Queria tatuar aquela cidade em todos os cantos do planeta, para que este se apercebesse que, apesar de pejado de inúmeras outras, possuía apenas uma assim. E que apenas aquela lhe fazia ganhar - nunca perder - a noite a fitá-la, horas e horas, na esperança de a descrever exactamente como a vê. Chamar-lhe-iam louco, no dia em que o fizesse, caso o lessem. Considerar-se-ia louco, se não reservasse uma vida para o testar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

MUSE!

Só para vos causar inveja, fui ver Muse, ao Pavilhão Atlântico, e foi - permitam-me que abrevie a descrição - indescritível!
Para continuar a inveja, estava na frente, ao centro, da plateia, a uns 10 metros de distância do super Matt.
E sim, eu fui um entre aquelas centenas de pobres coitados que apanharam chuvada atrás de chuvada durante o fim de tarde, enquanto esperavam em filas desordenadas pela abertura das portas.

Pontos altos: A entrada, a New Born, United States of Eurasia (que se transforma, ao vivo, claramente), Stockholm Syndrome e o fecho, com a inevitável Knights of Cydonia.
Faltou a Bliss, Butterflies and Hurricanes e a Cave, entre outras que não tinha sequer esperança que tocassem.

De resto, 'See you all next year, Portugal!'


Para quem quiser ver a intro do concerto, que foi fenomenal, está aqui.

PS: O vídeo não foi gravado por mim. Com tanto gajo suado, musculado e exaltado à minha volta, se sacasse o telemóvel do bolso ainda acabava na cabeça do Matt.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um anexo político

Mais uma vez todos os partidos ganharam. O PSD perdeu 20 câmaras, mas ficou ainda com mais 8 que o PS. Desta forma o PS conseguiu mais 20 câmaras do que tinha e teve mais votos que o PSD, por isso ganhou. A CDU ficou com menos 4 câmaras, mas conseguiu ter mais que o CDS e o Bloco de Esquerda. O CDS ficou com as mesmas câmaras e por isso não perdeu. O mesmo sucede com o BE. No entanto, em meu entender, o grande vencedor foi o povo, que começou a entender que promessas de vento e bolas de espuma não é propriamente o que interessa. Como não há regra sem excepção, Isaltino e Valentim continuam no poder.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Borboletas

Acende-se um candeeiro na rua escura, iluminando o caminho que percorres, taciturna. Fito-te, sentado no banco do jardim. Conto os segundos - que fazem o velho truque de parecerem horas - que demoras a alcançar-me. Os espaços verdes que vais ultrapassando perdem relevância em tua função. Tenho visão afunilada, quando nela estás centrada, a paisagem tende a escapar-me. E tenho-me como bom observador. Acenas e sorris, e assim me fazes a mão, apoiada no banco, tremer. Talvez o banco tenha tremido, talvez tenhas reparado, evoluíste o sorriso para riso, e a minha ansiedade em felicidade.
Dás-me um beijo com carinho, como as mães dão, perguntas-me se está tudo bem. Agora está, apeteceu-me segredar.
O candeeiro que tinha renascido voltou a sucumbir, entretanto. Pergunto-te se foste tu, farto de saber que se apagou por estar longe de ti. Resmungas qualquer coisa imperceptível, e, reparando na minha cara, ris-te. Não percebes nada, tonto, ele tem ciúmes teus. Quis chamar-me à atenção quando passei por ele, porque sabia que eu vinha para aqui. Os candeeiros são tramados. Tramada estás tu, depois de me contares esse segredo. Tu e o candeeiro.
Desenhei uma serra no horizonte e mil vivendas com luzinhas, cheias de borboletas - já tinhas visto tantas borboletas a esta hora? Nem eu - para dar um toque romântico à noite. Meti uma lua cheia, bem grande, e 130 estrelas no céu. Contei-as duas vezes, só para ter a certeza que eram mesmo 130. Dizem os velhinhos que contar estrelas provoca o aparecimento de cravos. É por uma boa causa, arrisco. O céu azul petróleo e o banco verde, onde estamos, de madeira gasta e suportes velhos. Ameaça ruir a qualquer segundo, mas confio que a resistência nos aguente, afinal de contas não somos assim tão pesados. Senhor Banco, gostávamos de passar uns minutos aqui sentados, será que nos permite? O candeeiro meteu cunha para que eu me partisse, mas não vos faria tal coisa. Pisco o olho ao candeeiro e ficamos sentados, horas e horas, dias e noites, anos e vidas. Levantamo-nos, dormentes, e guardas-te por baixo do meu braço em direcção a casa. Ao passar pelo candeeiro aproveito para lhe deixar um pontapé, pequenino, só a tirar um bocadinho de tinta. Rui, comporta-te. Um beijo, agora, só para ele ficar irado, pode ser? Se fica irado por um beijo, vai sofrer a vida inteira. Isso é uma ameaça? Não, é uma inevitabilidade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Sou de Magogo

Eu tentei que fosses incomensurável, sublime. Tão graciosa que doesse a garganta ao gastar o teu nome numa esplanada de café. Um dia vi-te sorrir e prometi-me nunca mais esquecer-te. Quis o fado privar-me a vida, o sorriso e o meu rosto. Tira-me tudo, menos o Amor, retorqui. Falei de pé, elegante e seguro, com voz austera. Entendeu-me perfeitamente, compreendia a minha situação, mas vociferou que os desígnios do Amor são incompreensíveis para nós, meros mortais, que talvez um dia os açambarquemos. Até lá, navegaremos. Muni-me de barco e vela, remos para dias calmos e pachorrentos. Coincidências, concluí. Tudo nasce de coincidências. Se tudo nasce do mesmo, não será paradoxal deduzir que é coincidência tudo nascer de coincidências? Calhou ver-te, falar-te, olhar-te, desejar-te, tocar-te, beijar-te, amar-te e chorar-te. Será também coincidência tudo acabar em arte? É esta arte que cria o Amor, vinda não se sabe de onde, provocada não se sabe porquê, que embala os dias tristes e exalta os dias bons, como um melhor amigo que está sempre lá, que não falha ou desilude.
Um dia vi-te sorrir e prometi-me nunca mais esquecer, não a ti, mas à parafernália de sensações eléctricas com que me bombardeaste. Pediste-me um segredo, escondi-o atrás da orelha: Sorri, pois quando sorris o mundo sorri contigo. Chora, e parte dele não parará de rir.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Old School

Os gajos de traje ficam todos bons. Isso é ponto assente. Quando uma pessoa os vê de roupa normal é que vê se eles realmente prestam ou não. Tu não deixas mesmo nada a desejar! Pois não. De dia era diferente. Era. És o melhor gajo de Coimbra! Só de Coimbra? Do mundo! 'Tá melhor. Mesmo assim já houve melhor. Onde vais agora? Dançar contigo. Vais? Então vamos. E fomos. E já estou a ver as minhas amigas todas roídas p'ra te conhecer. Mas eu não deixo. Ficas aqui comigo. São bonitas? São. Não eram. Mas podiam ser. Pena. De qualquer maneira, esta é a Andreia. Esta a Joana. Esta a Inês. Muito giras. Cof. Vamos ficar aqui a fazer de conta que elas são fixes muito tempo? Não ficamos. Nem nos ficamos. Acaba a música? Desde quando? Fazemos nós. Não posso beber muito senão raptavas-me e aproveitavas-te de mim em tua casa. Querias. Queríamos? Podes sempre fingir e fazemos as coisas na mesma. E ria-se. Já tinha bebido o suficiente para ser raptada. Rapto? Estou de rastos. Também. Vamos ser ombros amigos. Já somos. Canta Red Hot. As minhas amigas também cantam. Chamam-lhe cantar red hot por estes lados? Se chamarem, alinho. A música já parou à um pedaço. Já temos de ir? Ficamos cá para amanhã. Mi casa, su casa? Querias. Bastante. És um gajo do caralho.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sim ao não, não ao sim. E vice versa. Hmm.

Eu já sabia. O pressuposto - adoro esta palavra - de se saber algo só pode estar relacionado com duas componentes: factos ou intuição. Gosto dos dois. Conjugados ainda melhor. Conjuguei-os no dia em que te conheci, visto que a intuição que desenvolvi na minha cabeça era de que viraríamos facto. Soube no momento em que te disse olá, naquela viela mal frequentada e no momento em que te disse adeus, no mesmo dia, com saliva tua digerida, perto dos bancos do mercado. Chamaste-me lírico e eu ri-me. Disse-te que ainda haveria de casar contigo e riste-te ainda mais que eu. Um dia vamos mesmo casar, e vou para o altar com um papel amarrotado no bolso, abri-lo-ei depois de dizer o sim e mostrar-te-ei a palavra lírico, em maiúsculas. Cross my heart. Quando te vi não consegui dizer não, aguentas todos os sim que guardei nas gavetas? Aviso, desde já, que são seis - as gavetas. E bem grandes. Cobra-me, gasto um sim para te confessar que sou teu. Gasta um teu para dizeres que me aguentas. Olá, o meu nome é Rui e vim de longe para te encontrar, queres gastar uma vida comigo? Ou duas, se tiveres tempo. Diz que sim e sê feliz por pouco tempo. Pouco tempo? Lembra-te, contigo a vida passa a correr, estou pronto para a aproveitar.

A long long time ago

Doíam-me as pálpebras do tempo que levavam encolhidas. Abri o livro enorme que pairava na mesinha de cabeceira, sem medo e confiante. As páginas foram ficando turvas à medida que as folheava, comecei a reler parágrafos que ficavam perdidos a meio. Não tardou para que cedesse a saltar palavras, frases e parágrafos. Perder-me na pontuação e na gramática e acabar confuso com os recursos estilísticos. Não tentava dissecar as verdadeiras mensagens por trás de um simples monólogo. Deixava-me ir, sem forças para mais. Na última página, na última palavra, baixei os braços e deixei que o livro me escorregasse, lentamente, das mãos. Sem absorver metade da mensagem, tinha a história presa na cabeça. Era tão complexa que mais parecia ter acabado de ler uma obra filosófica. Mas não, era simples e delicada. Longa, dramática e extenuante. Fechei os olhos e vi o texto numa tela gigante, a cores. As palavras deram lugar a vozes e a imaginação passou a ser real. Peguei em mim e fugi. Guardei-me no quarto, fechei-me a sete chaves e parti três apoios do tecto. Desabou. Deixei que fosse caindo, peça por peça, castigando-me aleatoriamente. As feridas jorraram sangue que me escorria face abaixo. Não me cobri, não me escondi, não fugi. Deixei-me ficar, enquanto sentia todo o betão a ceder, vagarosamente. Senti um braço, pequeno, puxar-me. Anda, fica aqui ao lado, vais ver que acalma. E acalmou, como por magia. Desinfectou-me com álcool e coseu-me as feridas. As cicatrizes ficarão para sempre. Só para me recordar que já lá estavam antes. Descansa, foi uma noite difícil, és profissional nisso, lembras-te?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Carlos Cruz, por exemplo

Há dias em que acredito quando me dizem que podia ter qualquer coisa no mundo, outros em que acredito no contrário - embora isso nunca o digam (mera questão de respeito, presumo). Que seja a teoria do falhado, mas por muita boa aparência e background económico - chamemos-lhe assim - que um gajo tenha, as coisas não caem do céu. E a palavra coisas pode facilmente ser substituída por termos menos correctos que não se coadunam com a elite linguística por que sempre primou este blog.
Foda-se, vocês bem sabem que eu acho que os feios estão desgraçados, mas quem não articula um verbo e um substantivo está perto disso - de ser feio, entenda-se. Está menos mal, mas está perto.
Jesus descia à Terra e fazia-me optar entre ser bonito, podre de rico e burro, ou com um QI à Einstein com... vá lá, a aparência do mesmo, para abreviar a descrição. Eu quero bem que se fodam os avanços na física quântica, o que não faltam são batas brancas a descobrir o que me levaria uma vida a investigar. Muito mais interessante seria ir tomar o pequeno almoço ao Dubai e ir cagá-lo à Polinésia Francesa. Na mesma manhã. E enganar-me no quarto de banho e ir parar à cozinha, visto que seria burro, encontrar três empregadas soviéticas ex-modelos - as ex-modelos têm qualquer coisa, não sei - prontas a expulsar-me e acabar a comprá-las como escravas sexuais. E durante o acto cagar o resto do pequeno almoço e o mojito que tinha enfardado a seguir - note-se que o enfardado advém da linguagem rude que deveria ter, como burro que era (e dizem vocês: mas quem tem linguagem rude não tem necessariamente de ser burro. Tem tem, foda-se. Não basta sê-lo, é preciso parecê-lo. Quando um gajo vê um imbecil a dizer, por exemplo, disseste-zia, não deduz que ele trabalhe num laboratório de investigação da NASA. A não ser que faça a limpeza das casas de banho. Fim de parêntesis.), na poltrona branca da suite virada para um paraíso qualquer, por mera confusão com uma sanita. Era provável que soltasse um riso desprovido de inteligência e elas ficassem a olhar para mim. E depois continuavam o que estavam a fazer, com mais três notas de quinhentos euros entaladas num sítio qualquer, só para não fazerem caso.
Ou isto ou passar os dias na minha cadeirinha, com os meus livrinhos e tubos de ensaio, a realizar experiências para tentar livrar o mundo da sida (ou dos cães), com os meus amiguinhos investigadores - note-se, homens, sempre rodeado de homens, porque os inteligentes vêm-se gregos com as mulheres, logo, juntam-se e formam os clubes de leitura e essas merdas - e de repente um de nós saltar de alegria e desatar a dizer eureka para a frente e para trás, como o ídolo Einstein, e vai a ver-se e descobriu-se... uma possibilidade de atenuante para o vírus duma doença que não interessa a ninguém. A notícia nem sequer chega a passar em rodapé no jornal da noite (já as que passam... 98% da audiência ignora, imagine-se as que não passam), mas ganhamos o dia, festejando com uma actualização do twitter a contar o sucedido, cujos seguidores (ainda mais bichos-do-mato que nós) nos dão os parabéns. É a loucura.
Importante: qual é o ponto de tudo isto? Eu, se fosse gaja, preferia ter um filho dum gajo bonito e burro, a um inteligente e feio.
Primeiro, porque - não sei se estão familiarizados com o conceito de filho, conjugação de adn, hereditariedade e afins - os putos tendem a ser uma mistura dos pais (e avós e tios e primos e por vezes do carteiro), logo, se vocês, gajas, forem inteligentes, escolhem o gajo bonito e burro e rezam para que haja possibilidade de ele ser bonito - do pai - e inteligente - da mãe. Senão, partindo do princípio que querem engravidar do Einstein, ele sairá feio com toda a certeza (nenhuma gaja gira quer foder o Einstein) e poderá haver a possibilidade de sair burro. Imaginem a dor.
Ou então nasce preto e ainda acabam a levar porrada do suposto pai por ter assim descoberto aquela noite de copos passada na Amadora. Histórias.
Resumindo, o meu conselho é... querem pinar, pinem os giros. Querem casar... casem com os giros na mesma. Se for com um rico e burro façam-no em comunhão de bens. E mesmo que os putos saiam mesmo burros, caguem nisso, quem quer putos por perto quando se pode tomar o pequeno almoço no Dubai e ir cagá-lo à Polinésia Francesa?

sábado, 22 de agosto de 2009

Back to basics

Como podem deduzir, sobrevivi. E voltei!
Definição de férias, segundo o dicionário Priberam:
Interrupção relativamente longa de trabalho, destinada ao descanso dos trabalhadores em geral.
Não percebo a parte do descanso, visto que parece que cheguei com mais 20 anos em cima, mas tudo bem.
De resto, digam-me vocês, daqui para a frente, se os neurónios se foram de vez, ou nem por isso.
Tinha muitas saudades vossas, mas - perdoem-me a sinceridade - ficava-me pela interrupção relativamente longa de trabalho mais uns belos tempos. Enfim, duty calls.
Beijinhos e abraços.


Ah, surpresa, até no paraíso tropical para onde fui consegui ser abordado por causa do blog, é por estas e por outras que decidi que, a partir de agora, quando começar a escrever um texto, vou fazê-lo como se Portugal inteiro me fosse ler a seguir. Obrigado Jesus All Mighty por estas pequenas prendas.

Gays e Pretas

Conversa à mesa, hoje, cá por casa. Nota: eu não estava à mesa, estava por perto, mas ouço tudo. Se o meu filho fosse gay, ou namorasse com uma preta, eu não ficava nada contente, nem sei se o apoiava. Mas que atitude vem a ser esta? Primeiro, se eu fosse homossexual não era gay, era paneleiro, porque paneleiro é de homem, gay é de rabeta elitista que acaba por meter tudo que encontra na cavidade anal. Depois, namorar com uma preta é daquelas coisas que, vá lá, sempre foi um fetiche meu – caso Jesus, em troca, me tivesse oferecido o extermínio da raça negra já pensava melhor. Isso e apanhar alfinetes com luvas de boxe. Por último, não ficar nada contente e não saber se me apoiarias, cara Mãe, é, no mínimo, ridículo. Pensava que estava numa família de altos valores, cuja sanidade mental está entre os pilares da nossa estrutura. Parece que não. Eu ensino: Se o teu neto – sim, porque agora tenho a certeza que vou ter, pelo menos, um filho, se a Solange F está grávida e só se mete no esfreganço, eu já devo ser pai de gémeos por esta altura. Eu e todos, cuidado. Voltando ao neto: Se o teu neto algum dia virar paneleiro – porque ele gay nunca vai virar -, a primeira coisa a acontecer é, provavelmente, uma queda acidental pelas escadas abaixo. Sem direito a cuidados hospitalares. Talvez alugasse um africano - um maliano parece-me bem, são indivíduos com aparência de quem tem o que é preciso - avantajado e o fechasse numa divisão pequena e escura com ele, de maneira a que ele ficasse com tanta aversão a pilas que nunca mais quisesse tocar em nenhuma. Muito menos com o rabinho, coisa que eu pagaria com prazer ao maliano para desfazer a seu belo prazer. E com tal medida fazia um dois em um: nem paneleiro, nem ideias de ter relações com pretos. Caso a medida não resultasse, voltar a repetir até resultar. Sei que por vezes sou um pouco brando nestas coisas, mas é a minha forma de agir, acredito sempre que as pessoas podem mudar através de conselhos e demonstrações práticas. Acredito também que o meu pai, não se tendo expressado de forma tão correcta como a minha mãe, possa apoiar a minha visão das coisas, e talvez até já ter sonhado em fazer-me isso caso eu fuja para o darkside. No entanto acho que a vontade que ele teria em fazer-me isso – caso eu virasse – é suplantada pela enorme crença de que eu nunca me metia nessas coisas. E nisso, como em tudo, ele tem razão. E se é o meu pai a achar, quem sou eu para contrariar?

Run, wild and free

Quis escrever-te o poema mais bonito que alguma vez lerias. Sabes o quão frustrante é não o conseguir fazer? Queria fazer-te sentir metade do que me fazes sentir, sem dares por coisa alguma. Que visses o mundo pelos meus olhos, só para que confirmes que o acho bonito por te albergar nele. Tu não acreditas, (mas) é verdade. Devias. Devias acreditar nas minhas visões e ambições, nos meus desejos e projectos, que para onde quer que fluam, desaguam sempre em ti. Eu sou o rio que corre para junto de ti, de caudal apressado e sentido único, da nascente à foz, porque o tempo é pachorrento quando não estás comigo. Inundo-te à minha chegada, banho-te o rosto e despejo-te a ansiedade que trouxe. Desculpa-me o mau jeito, mas é isto que me fazes. Não tenhas medo de nadar em mim, a corrente é forte mas tens pé em todo o lado. Certifico-me disso, todos os dias, juro. Sou rio para que possas chorar as lágrimas que quiseres, encarrego-me de as misturar na corrente, ninguém notará quando estiveres triste. Não preciso que acredites no rio que sou, basta-me que te deixes levar por mim, prometo que te levarei a bom porto, sempre segura, sempre bonita, sempre feliz.

sábado, 1 de agosto de 2009

De férias

...desta vez eu, não o blog. Ou melhor, o blog também, visto que ele sem mim não anda. A não ser que encontre um espaço internet no paraíso turístico para onde me dirijo nos próximos 15 dias, aí sim poderei abdicar do calor e da noite para vos escrever até não mais poder. Ou então não, mas juro que me vai passar pela cabeça. Farewell, my friends, prometo voltar com cirrose.
Este post serve para evitar a rotina que ocupa os vossos dias: fazer refresh neste link.
E que dediquem mais tempo a alguns como este.

Beijinhos e abraços, e depois não digam que não sou amigo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Esperas e planos

Contei as horas passarem, enquanto olhava a luz esfumar-se pela janela com a cortina aberta. Irrompeste da noite, fazendo do quarto escuro o local mais brilhante da cidade. Escondi-me, no rasto de borboletas que deixavas pintadas no chão, a cada passo. Eram azuis, bem claras, e esvoaçavam tristes, como se deixarem de fazer parte de ti fosse a maldição superior que lhes tinha sido reservada. Com inveja, olhei a cadeira onde te sentaste, vagarosamente, de ar cansado. Despes as angústias do dia-a-dia e escolhes a expressão facial perfeita para me tirar um sorriso – ainda maior. Parar o olhar em ti, nestes momentos, é tão sublime que me faz querer passar horas a antecipar o toque da tua pele. Talvez para saber melhor, talvez de tão bonito quadro se tratar. Um dia vou comprar-te um banco e uma tela, e ficarei uma semana a ver-te pintar, de lençol entrelaçado no corpo. Escrever-te-ei todos os dias, enquanto te fito, e obrarei um best-seller, um elogio ao amor. Levantas-te com graciosidade e em passos pequenos – pequeninos - aproximas-te de mim. Deitas-te, transformas a cama em rede dupla, presa a duas palmeiras numa ilha exótica, e ficamos a coleccionar queimaduras solares em plena madrugada, enrolados na confusão de membros mais mimada que encontramos. Corremos o céu a reservar constelações, a alugar pedaços de lua e a projectar viagens a planetas distantes. No fim, não temos absolutamente nada do que planeámos, durante a noite, mas vamo-nos tendo, e enquanto assim for, não há um despertar sem que olhe para o lado e me cause a melhor disposição da vizinhança. Eles não sabem o meu segredo, nem vão saber, não abdico dele por nada. A culpa é tua. Sempre tua.

Troglodices

Rasgas a noite em tons delicados, e deixas um rasto brilhante atrás de ti, qual estrela cadente. Embrulho-te a face com as mãos, guardo-te em segredo e sussurro - não fujas, sim? Crava em mim o teu perfume, e deixa-me na beira da estrada, sentado, a inspirar-te. Prometo não fugir até que um dia voltes, nem que fiques longe muito tempo. Nem que demores um vida, vou tentar ser simpático quando tocares à campainha - talvez resmungue um pouco e faça a primeira birra. Mas diz que não, que não vais esperar pela velhice para dizer que sim. Diz-me agora o que disseste ontem e o que reafirmaste hoje. Conta-me histórias e perde-me em memórias, enche-me de sorrisos e beijos e deita-te comigo, que eu protejo-te do frio do Verão. E relembra-me amanhã, que as palavras perdidas nos dias de hoje, estão guardadas na caixa vermelha dos melhores momentos do passado. Se algum dia eu te faltar, não temas, ter-me-ás onde sempre me tiveste, bem no centro da metade esquerda da caixa torácica. Tranquei-me dentro de ti. Agarrei-te. Escondi a chave bem longe, vi-te e sorri. Não te largo nunca mais.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Auto-Broche

A melhor fonte de teorias para vomitar no blog é, claro está, a conversa de gajos. Acontece que há algo de que já me apetecia falar à muito tempo, por cá, mas, pronto, nunca aconteceu. Será então preenchida a lacuna. Falo, como talvez tenham deduzido pelo título, do sexo oral auto induzido. Impossível, dizem vocês. Falso, respondo eu.
Era eu ainda um jovem catraio, quando surgiram rumores de que o guitarrista do Marilyn Manson teria retirado uma costela para poder - e cito o que se ouvia na altura - fazer um broche a si próprio. Ora um boato destes segue o caminho de todos os boatos de coisas escandalosas - passa por verdade. Depois uma pessoa cresce e pensa de forma diferente: Pá, e quando um gajo era puto e acreditava naquela merda do gajo que tirou a costela p'ra se brochar? Só mesmo gajos como nós para acreditarmos nisso... Mas lá que era uma coisa de rei, isso era.
Era eu ainda um jovem, também, quando comecei a perceber que o facto de contorcionistas estarem na televisão e a minha pila crescer poderia estar relacionado. Percebi, depois, que elas devem fazer sem problemas a tarefa a que o tal guitarrista se propunha. Ou seja, está provado que não é impossível.
Melhor: para que raio uma pessoa quer fazer oral a si próprio? Pessoal, que seja a última vez que me fazem uma pergunta tão idiota. Respondo-vos com uma pergunta:
Para os gajos:
Preferem uma punheta ou um broche?
Para as gajas:
... Não vou ser porco, acho que deduzem. Para quem não deduz, a pergunta acaba em minete.
E se por um lado há muitas raparigas que não simpatizam muito com o minete, garanto-vos que não há gajo que se arme em esquisito com o broche. Se o vosso mais que tudo não gostar muito, das duas uma: ou está a mentir (paragem cerebral, certamente) ou vocês é que não gostam e ele é manso ao ponto de não conseguir dizê-lo.
Isto leva a outro tema frequentemente discutido, e que está intrinsecamente ligado ao que tenho vindo a dizer desde à muito tempo para cá: na masturbação podemos - e cito um caro colega de curso meu, famoso por certas expressões - foder as melhores gajas do mundo, basta querer. Agora digo eu: imaginem meter as melhores gajas do mundo a fazerem-nos um broche! Já se consta que, caso algum dia seja possível tal prática, os relacionamentos com o sexo oposto ficam em vias de extinção. É como convidarem um gajo para ir jogar futebol e rejeitar por ter o PES em casa. Não é a mesma coisa, mas não deixa de ser futebol.
O grande entrave à aceitação desta prática - há sempre um senão - é, vendo bem, o mais óbvio: teríamos, nós, gajos, de fazer um broche. Tudo bem que é a nós próprios, mas um broche é sempre um broche. O melhor pensamento para ultrapassar esta barreira seria o de que já batemos punhetas a nós próprios, a partir do momento em que isso é aceite como um acto másculo, porque razão fazê-lo com a boca não o seria? (Hesitei bastante em escrever o final desta última pergunta, a expressão fazê-lo com a boca estava dar-me uma certa volta ao estômago.) Isto para não falar de que depois seríamos todos catalogados em dois tipos de gajos, os que cospem e os que engolem. (Deus, ajuda-me) Ok, vou parar com estas teorias, estou a sentir-me homossexual. Viram? Escrevi homossexual em vez de paneleiro. Paneleiro! Fala mas é de gajas.
Última coisa, em defesa das mulheres: então e o pipi, pá? Não iam vocês sentir falta dum pipi, sempre a levar com broches e punhetas? Não posso responder a essa pergunta com bases científicas visto que não sei de casos de pessoas que só tenham tido broches e punhetas auto induzidos durante um período alargado das suas vidas - só punhetas conheço muita gente, mais de meio mundo, provavelmente -, no entanto se é certo e provado que não vivemos sem vocês, e vocês sem nós, mais verdade é ainda que não vivemos sem o pipi, tal como vocês também se vêm aflitas para sobreviver sem a pila. Por isso não temam, por muitos estratagemas que o cérebro masculino magique para tentar criar uma certa independência vossa, eles esbarrarão na eterna necessidade de vos ter por perto, para o bem ou para o mal, para a paz ou para a guerra, para o broche ou para o minete.
De qualquer forma vou tentar aprofundar os meus conhecimentos com contorcionistas, para saber mais sobre a temática do sexo oral, para poder - apenas e só - ter novos argumentos quando tal assunto for novamente puxado em discussões.

domingo, 12 de julho de 2009

Conselho

Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar.



E a frase votada como a mais proferida nesta época é... Para o ano é que vai ser!

Mas vai ter de ser, mesmo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sondagem - Análise

Então e na altura desta última Queima, andaram ao amor?

9 (16%) Não, sinto-me tão feio/a
5 (9%) Só uns beijitos, conta?
1 (1%) Fiz o filme a tudo o que passava, mas ninguém colou.
9 (16% Fizeram-me o filme, mas cortei tudo, sou inacessível
3 (5%) Claro, mas várias vezes, Queima é Queima!
4 (7%) Sim, e apaixonei-me! Obrigado Queima!
1 (1%) Faz-se mais alguma coisa na Queima?
7 (13%) Não te vi na Queima.
14 (26%) Sou a vizinha do andar de cima, Rui, deves saber bem que fodi que nem uma porca, não ouviste a cama a chiar e os gemidos? (Ouvi sim, sua gorda, não me deixavas dormir!)

Total de votos: 53


Bem, antes de mais tenho a dizer duas coisas:
1 - Esta votação foi quase tão concorrida como as eleições para a presidência do Benfica.
2 - Espero que a vizinha do andar de cima não leia o meu blog.

Sabem o que é bom em tempo de exames? Falar da Queima. Não, pois não? Pois não... Mas por amor à pátria, lá faço o sacrifício, por vocês.
Parece que a Queima já foi à tanto tempo que falar dela parece falar das brincadeiras de criança que tinha num pátio (Adoro a palavra pátio, lembra-me sempre pato. E dá para trocadilhos. Arroz de pátio...? Pronto, cala-te.) no meio de uns prédios perto de minha casa. Para que conste, nesses ditos prédios morava a minha professora primária - é casada, e o marido teve uma trombose, zau, mereceste, pelos castigos que me deste ao longo dos anos. Onde ia? Ah, Queima. Se me faltarem as memórias para basear o meu estudo perdoem-me, mas a minha memória não é de ferro. Muito menos nessa altura.

O que retiro dos resultados desta sondagem é uma conclusão muito simples, nenhum votante andou ao sexo. De seguida apresento a minha teoria:
Hipótese 1: Partindo do princípio que são vocês os primeiros a dizerem que não andaram, e que ainda por cima são feios/as, quem sou eu para duvidar ou, pior, tentar mudar a vossa opinião? Ninguém. Continuem feios e para o ano estarão a votar na mesma opção.
Hipótese2: Só uns beijitos não faz um acto sexual. E aquela vez que apanharam o vosso alvo todo bêbado/a e lhe sacaram um beijo não devia contar, mas como sou apologista dessas coisas - e a Queima também - dou-vos crédito por isso.
Hipótese 3: Um votante, apenas. Coitado. Ao menos és sincero (não quero imaginar uma votante feminina nesta hipótese). Então andaste lá na pesca furtiva e nem um robalo levaste para o jantar? Mas admiro a atitude, o pensamento é que mais cedo ou mais tarde alguma coisa cairá na rede. Eu acredito em ti!
Hipótese 4: Pfff, mas que grande mentira. Com que então muito cobiçados, hein? Lá por alguém meter paleio convosco não quer dizer que vos quer comer. Lá por alguém vos oferecer uma bebida não quer dizer que vos quer comer. Lá por alguém vos meter a mão na cintura não quer dizer que vos quer comer. Lá por alguém atacar os vossos lábios e desatar a tentar meter a mão em tudo que é sítio não quer dizer que vos quer comer. Pronto, quer. Mas não comeu - sou inacessível, dizem vocês. Logo não andaram ao sexo. Mas o ponto importante desta hipótese é que: vocês acham que demasiada gente vos quer comer, quando as pessoas na Queima querem é confraternizar, o sexo é a última coisa em que se pensa nessas alturas. *irony mode off*
Hipótese 5: Mentirosos outra vez. Dos 3 votantes, talvez um o tenha realmente feito, mas é pouco provável. A votação era para dizerem o que fizeram, não para descarregarem utopias. Bem sei que o blog já se chamou Utopic Nights (tão gay, valha-me deus), mas já passou a Noites Difíceis, acho que pode estar de algum modo ligado à vossa prestação na Queima. Vale a coragem. Se votaram de consciência tranquila, cumpriram com a tradição, e isso é um orgulho para a comunidade académica.
Hipótese 6: Faz-se: bebe-se e anda-se a rebolar pelo chão do recinto. Embora possas beber enquanto andas ao sexo. E rebolar, também. E no chão do recinto, também. Nunca experimentei - nenhuma delas. Mas a mim não me enganas tu, seu votante toleco, que vens para aqui dizer que não fazes mais nada na Queima a não ser afogar o ganso. Repara: a Queima durou mais de uma semana, e por Queima entende-se todo o período de 24 horas diário, desde a serenata até ao encerramento. Ora o que afirmaste foi que não fizeste mais nada na Queima a não ser isso. Acho fisicamente impossível. O corpo humano não aguenta mais de 3 dias sem água, percebes? A não ser que sejas o gajo daquele programa do Discovery Channel, o Ultimate Survival, que come tudo que lhe aparece à frente e anda por sítios que não lembram a ninguém (um bocado à semelhança de todos nós, na Queima).
Hipótese 7: Oh, não digam isso que fico de coração partido. Eu estive à vista de todo o mundo, sempre muito feliz e pronto a receber o abraço caloroso de quem me lê. Aliás, ainda falaram comigo sobre o blog umas vezes, mas não rolou nada. A maior parte das vezes por terem sido gajos a fazê-lo. Sortes. Mas não desistam, por favor (não estou a falar para os gajos, obviamente).
Hipótese 8: Com que então um T3 e vivem 14 pessoas aí em cima? Pois bem me parecia que a barulheira que se ouve quase todos os dias não é por acaso. Ou então a gorda é tão gorda que vale por 14. E vale mesmo. Esta última hipótese é a excepção que confirma a regra. Esta sei bem que andou ao sexo. Aliás, esta não andou ao sexo, esta fodeu e fodeu bem. Foda-se, é triste chegar a casa bêbado, querer dormir a todo custo na nossa cama (que é a melhor coisa do mundo, quando se chega da noite) e haver algo que nos impede. Algo barulhento. Algo que chia. Que geme. Que grita. Que... dá lapadas. Com força. (a certa altura estive para chamar a polícia, pensei que pudesse estar a ser espancada, coitada) E o Rui que vos ature as diabruras. Que vos ature 3 vezes numa semana! (O que é grave, porque é a prova de que quem lá foi gostou - acho impossível. Podem ter sido também três clientes diferentes - mais possível. E provável.) E depois não se queixem do mau humor do dia seguinte, se me virem com olheiras não me perguntem o porquê - fodam menos!. É que foi o ano todo num silêncio total, chega-se à Queima e é o desabrochar (Gostaram da palavra desabrochar? Está mesmo adequeada à situação. Eu acho. Quer dizer, suponho.) da loucura. É isto que eu admiro nestas épocas, lá se vai o pudor, os princípios e que venha tudo que envolva o açambarcar de uma boa pila. Que o digam vocês, 14 pessoas do andar de cima, certo?

sábado, 27 de junho de 2009

Um dois três

Vê-me bem, estou aqui, aproveita a minha presença
Prova um beijo, se sou reza és a crença
A doença que não passa, mal de mim a ter criado
Encarcerado nesse riso malogrado
Conta-me os teus medos, sem eles não sou ninguém
Guardo-os no peito - já são meus por direito
Pede-me segredo, não sou eu quem medo tem
Mata-me esta fome antes que chegue a hora
De amar e ficar disforme, esquecer e ir embora
Sabes lá o que sentia, só de pensar em perder-te
Ora agora, vendo bem
Deixa-me só esclarecer-te:
És o melhor que a vida tem.


(Sejam sinceros com este, já não escrevia disto faz muito tempo)

Tilt

Senti-me engenheiro quando, hoje, enviei uma mensagem a um colega de curso a clarificar uma dúvida, que dizia: "No ajustamento de percentagens de areias e britas, a granulometria - para determinar o módulo de finura de referência da mistura - obtém-se através das ordenadas da curva sem cimento".

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Noites Difíceis

Vou dizer que sim. Que te quero tanto aqui que mal consigo respirar. Sabes quando o peito fica tão desgovernado que pensamos que algo está mal com ele? Sei que tudo está bem. Sei que melhor só ficaria se estivesse a tua cabeça sobre ele, de olhos fechados, a viver os teus sonhos, comigo perdido neles. E comigo perdido em ti, a olhar o céu escuro, cúmplice, que sorri para nós e esculpe o nosso nome numa estrela brilhante. És o nosso confidente, nunca nos estragues estes momentos. Diz que sim, que estás aqui comigo, com as pernas enroladas nas minhas, como se tocarmo-nos fosse o oxigénio que o mundo precisa para rodar. Diz que me beijas, devagarinho, para eternizar o momento, e me abraças com força, para eu não fugir. Diz, para eu te chamar de tonta, te aconchegar no colo e te olhar nos olhos, como nos filmes, sorrir e ver que estamos melhor do que estivemos no passado, e pior do que estaremos no futuro. Deixa-me fazê-lo e guardar-te na memória, para que um dia mais tarde, quando estiver sozinho, as tuas promessas me façam sorrir. Para que num dia como hoje, te tenha comigo como sempre tive. Como se fosse a primeira. Como se fosse a última. Como se fosse a única vez. Vem, que esta noite quente grita o teu nome como quem dele precisa para deixar raiar o Sol. Imito-a, em uníssono, num peditório consensual, de quem fez da tua ausência doença, e da cura a tua presença.

sábado, 20 de junho de 2009

Deja vu

Aconteceu-me uma coisa muito estranha, ontem. Andei a ler o livro Tudo que temos cá dentro, de Daniel Sampaio, e por acaso, enquanto remexia em textos antigos meus, que por cá tenho perdidos, encontrei um que me deixou um bocado pensativo. Escrevi-o em 2006 - faz três anos exactamente no próximo mês -, e, na altura, alguém (Lili, meu anjo) me disse que lhe fazia lembrar o tal livro que acabei agora. Não dei importância, visto que nem sabia do que tratava ao certo. Desta vez, depois de relido... foi estranho. Aqui vai:

Doutor, acho que estou a recuperar bem. Embora as noites continuem longas e os dias compridos, o amanhecer parece sofrer uma gradação de beleza a cada dia que passa. Estou a conseguir encontrar-me, não tenho dúvidas disso. Mas, doutor, hoje abri uma excepção. Não foi voluntária, a sério que não. Mas voltei a mergulhar naquele mar confuso que me acostumei nos últimos anos. Revivi tudo. Voltei a sentir o que queria e o que não queria. E voltei a ver que o que não queria vem sempre em maior quantidade que o que queria. Sempre soube onde a estrada acaba, mas teimo sempre em seguir aquele trilho. É como me dizerem que o caminho de pedra é o mais rápido e mais seguro, mas de já estar tão habituado ao de terra, nem me dou ao trabalho de o conhecer. Imagino que um dia estas sessões acabarão por ter valido a pena. Ou talvez me limite ao meu egocentrismo na hora da vitória, aclamando a minha grande personalidade como pilar base para o meu sucesso. Mas se acredito tão fortemente em mim, porque recorrer a terceiros? Porque não ultrapasso todas as barreiras sozinho? Hoje, tive uma recaída... já sei que o combinado era não poder ter mais. Mas ás vezes o amor fala mais alto. E eu sou assim, não aguento. É como estar de dieta e ter um pacote aberto de maltesers mesmo à nossa frente. Não dá. Pelo menos uma bolinha tem de ser consumida. Adoro chocolate porque é a coisa mais saborosa do mundo. Adoro o amor porque é a melhor coisa do mundo. Odeio chocolate por fazer borbulhas e engordar. Odeio o amor por fazer sofrer. Amanhã não sei o que vou fazer, mas não me arrependo de hoje.

Achei-o tão em linha com os diálogos, temas e um pouco de tudo mais que o livro contém, que começo a duvidar se não o teria já lido na infância. E gostei (deixem-me ser um bocadinho presunçoso, se fazem o favor), bastante, até.



P.S.: Desculpem-me este vómito constante de post's, mas estou a matar a ressaca de ter ficado uns tempos sem vos visitar, prometo acalmar as hormonas nos próximos dias.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Rascunhos

Existe somente uma idade para sermos felizes, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter bastante energia para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para nos encontrarmos com a vida, viver apaixonadamente e desfrutar de tudo com toda a intensidade, sem medo ou culpa de sentir prazer.
Fase mágica em que podemos criar e recrear a vida à nossa própria imagem e semelhança e sorrir, cantar, brincar, dançar, vestir-se com todas as cores e entregar-se a todos os amores experimentando todos os seus sabores, sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem, em que todo o desafio é mais um convite à luta; em que enfrentamos com toda a disposição o tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade, tão fugaz na nossa vida, chama-se presente e tem apenas a duração do instante que passa...

O Darkside do MacDonalds

Foda-se. Começar um post com foda-se só pode antever uma diarreia mental. Nada mais correcto. Como o estudo corre mal e a paciência para os exames se esgota antes que eles comecem, tenho de canalizar a minha raiva para algum lado. É que somos nós quem se mata a estudar mas parece que quem fica imbecil é quem nos rodeia.
O que fazer quando se dá aquele desiquilíbrio sensorial vulgarmente denominado... merda para isto, já não posso ver ninguém à frente? Vou ao MacDonald's. É tão bom insultar - terapia relaxante, a sério.
Surpresa das surpresas, quem me atende é um indivíduo de raça negra. Foda-se, vamos lá outra vez:
Surpresa das surpresas, quem me atende é um preto de merda, esquelético, com cabelo à - imagine-se - preto. O normal, no MacDrive.
- Qualé o sê pidido?
O meu pedido? A quem, a Deus? É que varra do meu país pessoal como o que trabalha dentro deste lixo. E imagino todos os pretitos que lá trabalham, enterrados até ao pescoço, no alcatrão do parque de estacionamento, a olharem-me com ar assustado. Estão com medo de quê? Provavelmente disto. E desato a pontapear as cabeças escuras, sem dó nem piedade, como se o título de campeão nacional do Porto dependesse disso.
- Menu com Big Mac e Cola. Desconto de estudante.
- Disconto dijlá ná cáixa, ókê?
Eu se algum dia for à tua terra vou tentar fazer umas macacadas para falar na tua língua, mas cá, em Portugal, falas o que todos falamos, que é p-o-r-t-u-g-u-ê-s, de acordo?
Diz desconto na caixa registadora, é? Tem lá um autocolante com essa palavra? E imagino-o a abanar a cabeça, meio acéfalo, meio sem perceber a minha dúvida.
Chegado à caixa está... um branco. Nada mais óbvio, para se trabalhar na caixa é preciso fazer contas. Matemática = lugar não disponível a pretos. Pode fazer desconto para estudante? O seu colega lá atrás nem quis ouvir, remeteu-me logo para cá. Chupa aí, preto, aprende a falar.
Chegado à janela para receber, finalmente, o pedido, pode avistar-se o balcão de atendimento. Com uma olhadela rápida lá para dentro é facilmente reconhecido que quem quiser trabalhar no Mac só tem de ter uma qualidade (nota: a palavra qualidade, aqui, não tem forçosamente conotação positiva, digamos que poderia ser facilmente substituída pela palavra característica. Ou azar.), que é: ser preto. A não ser que queiram ir para gerente. Sim, porque em tantos anos que frequento o MacDonald's, nunca vi um gerente preto.
Ah, oh Rui, seu grande racista, então mas como é que tu sabes que o branco é o gerente?
Pá, ia ser quem? E nunca há mais de um branco, lá dentro, também.
Coisas a reflectir:
Insucesso escolar, falta de trabalho e todas essas amarguras típicas de quem está em início de carreira no mercado de trabalho são pontes para se acabar no MacDonalds. E ser preto, claro. Ah, maj nóij vir prá cá té ganhar dinheiro pára dar o salto. Salto? Bem sei que saltar já faz parte da vossa natureza, macaco, mas já saltavas era para a tua terra. Numa empresa minha não trabalhavas. Vocês gostam é de andar aí na kizombada, na cozinha, a encher os hamburgueres de cheiro a catinga e saírem daí sempre de Big Mac na mão, no fim da noite. Depois admiram-se de morrerem cedo. É por África ser um continente com muitas doenças, não é? Pois é.
Claro que depois me apaixono por pessoas que me perguntam se quando dou moedas para pagar algo - neste caso, aos pretos -, lhes toco na mão. O tanas que toco! Deixo sempre cair as moedas, de bem alto, para os moços não terem a tentação de sentir a minha pele suave. E fico doente quando tocam, mal chego a casa tomo banho e esfrego a mão com pedra pomes até fazer sangue. O meu sistema imunitário é mais forte que o de um crocodilo, mas mais vale prevenir que remediar.
Onde é que tinha ficado? Ah, na entrega do pedido. Veio o branco entregar o saquinho, o que achei reprovável, visto que se fosse eu o branco - ou seja, o rei, o cérebro, o deus (da merda) - não faria mais nada o dia todo, a não ser sentar-me numa cadeira bem confortável, a comer toda a espécie de porcaria que por lá se faz, com uma pistola de pressão de ar no colo, que ocasionalmente saltaria para as mãos para praticar tiro às escuras (foi gira, esta). Estilo Schindler's List. E gritaria ordens de incentivo, tipo Toca a trabalhar, preto! Se o próximo Big Mac demora mais de 30 segundos a ficar pronto, deixo de te atirar bananas para o chão e tocar o sino.
Onde é que tinha ficado? Ah, na entrega do pedido. Veio o branco entregar o saquinho - e quem diz branco, diz gerente - deseja bom apetite e um volte sempre, e despede-se com um sorriso. É gay, visto que sou um gajo, bem sei, mas não deixa de ser um atendimento à não-preto.

Já agora, atendimento à preto: estende um saco e uma bebida e não diz coisa nenhuma porque só sabe o dialecto tribal da terra dele. Revisto o saco, porque já sei que não se pode confiar naquela gente. Guardanapos? Ou não existem ou são transparentes. Olhe desculpe, podia dar-me guardanapos? É que não fui habituado a besuntar-me todo e a limpar-me ao corpo, tipo tu. Também tinha pedido molho de salsa para as batatas, mas parece-me que não está cá. Incrível - o facto de acontecer sempre. Peço desculpa, senhor. Eles são os primeiros a sentirem-se inferiores, quem é que no seu juízo perfeito me trata por senhor? Com banqueiros ou advogados - coisa que os pretos do Mac nunca serão (na vida inteira) - tudo bem, há sempre uma componente formal a respeitar, mas eles, tratarem um gajo de t-shirt e óculos de sol, do alto dos seus 22 anos, por senhor... só mesmo vindo de quem olha para um branco e lhe deseja a pele. Salvo seja. Salvo seja não, que eles têm uma pancada por nós. Eu, pancada por eles, só na cabeça - e de bastão, com muita força.

Lembrei-me, à custa de tudo isto, de um gajo do meu curso. Chama-se Júlio. Podem gozar com o nome que eu também gozo - não directamente, que ele mete medo.
Certo dia, a meio de uma conversa, deixou escapar que trabalhava. Perguntei onde, ao que ele responde: Mac. Não fiquei surpreso, admito. Aliás, surpreso estava antes, por pensar que ele não trabalhava lá.
É burro como uma porta (tem menos cadeiras feitas que eu, acho que é prova inequívoca), e - imagine-se - é preto. Ah, a cereja no cimo do bolo, o nome: Júlio... Quadé. São tão fofos com os nomes, eles.

O pior nome que já vi foi um indivíduo...
Porra, outra vez: O pior nome que já vi foi um preto, no Dolce Vita, com - inserir cara de *enfim* aqui - uma camisola do Porto, que quando se vira mostra a seguinte inscrição no espaço reservado ao nome: Ya Fortes. Sim, leram bem. Foda-se, Ya Fortes? Mas quê, os teus pais quando foram ao registo civil não souberam comunicar com o símio que os atendeu? Imaginei logo a cena:
- Átão méu, é pa registar outro puto? Tão à créscér bém, os outros 18? Déspácha isto rápido pá ir ali subir umas árvorês, qual é o nome?. - E come uma banana. O pai do Ya não percebeu dois terços do que ele disse, já meio vidrado na banana e na ideia de subir árvores, ficando-se pela compreensão da segunda pergunta, à qual respondeu:
- Ya, fortes!
E celebraram o registo com pancadas no peito e gritos desenfreados.

Que nome tão fixe, Ya. Deve ter sido fácil para ele arranjar problemas na noite, por cá.
Como é que te chamas? Ya. Ya o quê? Ya Fortes. Preto do caralho, 'tás a gozar comigo?



Pronto, já expeli tudo. Acho que depois de tanta energia descarregada o meu estudo vai crescer exponencialmente. Obrigado a quem me atura.


Júlio, espero que nunca tenhas conhecimento do meu blog, grande abraço, és o maior! Tanso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quoted

A Alexandra Lencastre tem aquele bronze desde a Idade da Pedra e o Jorge Palma tem aquela pedra desde a Idade do Bronze.

Tirado daqui.

Muros de Gesso

Pousei o livro que lia faz tempo e olhei a paisagem, da minha varanda. Um dia trago-te cá, mas só à noite, que é mais bonito. Pode ser no dia em te veja, outra vez. Dia em que decidires pôr fim ás ruínas que deixaste para trás, daquela vez em que me disseste adeus. Mal sabia eu que era a última. Mal sabia eu que aqueles textos do Júlio Machado Vaz, que li quando era novo, a divagar sobre o que custava um adeus, não eram filosofias baratas, afinal. Uma vez - só uma - perguntei por ti. Disseram-me que te tinhas casado. Tive pena do sortudo. Aturar uma vida de pesadelo e martírio. Que inveja a minha. Duas vezes - só duas - perguntei-me se perguntarias por mim. Da primeira jurei nunca mais perguntar, da segunda também. Veremos o que acontecerá na terceira.
Dá-me vontade de pegar outra vez no livro e lê-lo até ter tanto sono que tenha de repetir quatro vezes o mesmo parágrafo para que faça sentido. Pode ser que pelo meio te encontre, numa frase tua, ou minha. Ás vezes penso que só leio para isso mesmo - te encontrar. Classifico os autores como bons ou maus consoante falem mais ou menos em ti, respectivamente.
Ainda me lembro como os teus cabelos abanaram, pela última vez, e me partiram o peito sem que eu soubesse. Ainda tenho a marca, sabias? Para lembrar(-te). Tenho pena é que apesar disso, como dizem os nossos Linda Martini, sei que não te vou negar a visita ás (tais) ruínas que deixaste em mim.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Amo-te e essas cenas

É difícil dizer amo-te porque há mais pessoas feias que bonitas. Se toda gente fosse bonita passava a vida dizê-lo. A probabilidade de uma pessoa crescer e ser feio é enorme. Não é por acaso que quando vamos a algum lado engraçamos - se engraçarmos - com (apenas) uma ou duas pessoas, o resto é feio. Ser bonito é parte fulcral do sucesso amoroso, e se o formos até podemos ser os maiores montes de merda no que toca à mentalidade, haverá sempre mentalidades piores para nos aturar.
Reflecti sobre isto quando, à dias, fui ás finanças tratar de uns assuntos. Como é natural em todos os serviços públicos, a feiosidade é raínha e o salário mínimo rei. Gosto de estar em sítios desses para me sentir bonito, é por isso que quando ficar velho quero que me ponham num lar cheio de velhos com doenças terminais que ataquem o aspecto físico - não contagiosas, claro.
Não deixo de pensar, no entanto, que se a grande maioria está condenada a ser feio, grande parte dessa maioria acaba casada. Grande parte dessa maioria, também, com alguém tão ou mais feio que ela. A minha justificação para isso é fácil: há ressabiados para tudo.
Caso não saibam em que categoria de beleza se encontram, descobri um medidor que talvez vos possa ajudar. Dirijam-se ao quarto de banho mais próximo e irão encontrar - provavelmente - um objecto rectangular por cima do lavatório. Tal objecto mostrar-vos-á uma imagem de uma pessoa. Identifiquem-na como bonita ou feia. Memorizem o resultado do teste... et voilá, vocês serão exactamente isso. Caso repitam o teste em dias diferentes poderão observar ligeiras mudanças no resultado, mas não se assustem, já descobri que isso se deve a um gajo cujo nome é Ego, que tem uma variância esporádica de estatura - adoro a palavra esporádica, tem um lado sexual que não sei de onde vem... -, se fosse um animal teria de ser parente do camaleão (camaleão, que por sua vez pode também ter conotação sexual: cama/leão). Caso queiram uma segunda opinião, podem sempre pedi-la a outra pessoa. Se se quiserem sentir bonitos é uma questão de a pedir a alguém feio. Em alguns casos é melhor pedirem a alguém mesmo muito feio. Como um gajo que vi hoje, num bar, que me dava pelo joelho. Quase que tropecei nele. Nem anão era, parecia um pinguim. Pinguim bebé. E feio. Mas esse, por muito bonito que fosse, via-se grego para subir o ego. Pelo menos se fosse pedir a tal segunda opinião a alguém como eu.

Ás vezes sim, às vezes não.

Tremeu quando a viu. Não sabia o que era, só se sentia a tremer. Perguntou-se porquê, vezes sem conta, e não passou da retórica. Esquece isso, deixa correr. E correu. Correu até lhe doerem as plantas dos pés. Cansado, sentou-se na beira da estrada, a contar os carros que passavam. Eram tantos que se perdeu em pouco tempo - perdeu-se em devaneios sobre o que já tinha vivido, até então. Reviveu momentos e pessoas, riu, chorou, corou.
Nunca se sentia inseguro na vida, mas naquele dia, estava-o.
Pegou-lhe pela mão, com três dedos, e caminhou à sua frente, guiando-a a lugar nenhum. Queria caminhar, sozinho e com ela, ao mesmo tempo. Gostava de ver a estrada sem restrições, mas não se via a abdicar de a ter por perto, para se sentir seguro. Engraçado, dizia, é tanto o terror de te ter, como de te perder. E neste impasse viajava, dias seguidos, à espera de nada - e de tudo. Ficava feliz com o que a vida lhe reservava, independentemente do que fosse. Sempre foi assim, sempre será. Será? - questionava-se. Hoje pôs tudo em causa, até a si próprio. Aquele tremer foi diferente. Foi um clique, não foi arrepio, daqueles que lhe dava quando passava uma brisa fresca.
Dá-me um abraço, pediu-lhe, dá-mo antes que não o queira. E quando o abraçou, já ele não o queria, e quando o largou, já ele o desejava. Vivia de sentimentos dicotómicos - ou os sentia, ou não. Quis gostar de si próprio, nem nisso conseguiu consenso. Não sabia se era bom ou mau, ser como era. Acabou por decidir que sim, que gostava de si - complicado como era. E se ele conseguia gostar, não deveria ser difícil a outro alguém o fazer. Não tinham de ser iguais para as coisas irem correndo. Ás vezes sim, ás vezes não.

Olá!

Fuck it, está de volta a actividade. Disse que era por tempo indefinido - e era suposto ser por muito mais tempo - mas gosto demasiado disto para o colocar de parte. Obrigado ás palavras de incentivo a continuar, se por um lado me enchem de orgulho, por outro até tenho vergonha de voltar tão cedo sob pena disto ter passado por um esquema para subir o ego. Ok, admito, foi. Agora estou melhor. Uh.
Posso ir publicando de vez em quando os textitos que guardei por cá enquanto me ausentei? Só alguns, então, pode ser? Ok, obrigado.

Beijinhos(,) fofos.

sábado, 13 de junho de 2009

Foge Foge Bandido

Para resistir à postagem no blog, recorro a técnicas de inibição da escrita: ouvir o Manel Cruz.
Caso vos interesse, duas recomendadas, especialmente: Diz-me se aprovas e Canção da canção triste.

Um álbum cheio de coisas para ouvir e (des)aprender a escrever. Tão bom.




Ah, bom estudo (e boa sorte, que também é preciso) a quem está a entrar na época de exames. E para quem vai para salas de estudo com vista para esplanadas... controlem-se, daqui a nada estão lá vocês também. Ouviste? Ouvi, cala-te.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Para ouvir

...à chuva. Sabe bem.



terça-feira, 2 de junho de 2009

Segredos do Orgasmo

Li o seguinte:
Jonathan Margolis chega mesmo a considerar que "o orgasmo feminino é uma experiência infinitamente maior e mais expansiva do que a sensação que os homens têm quando ejaculam". O autor diz que neles a experiência se resume, descontando o aspecto emocional, "a algo semelhante ao alívio da micção de uma bexiga a transbordar, de um espirro ou de um movimento intestinal".

Oh Jonathan, seu ganda maluco, fala por ti. Sabe-me muito bem fazer o meu xixi, espirrar e dar uns peidinhos de 12 segundos e 4 oitavas, mas gosto muito mais de um bom alívio de testosterona. De preferência acompanhado - isto a aliviar testosterona, claro, nas outras situações não sou propriamente fã de actividades colectivas.
O artigo está bem conseguido, na minha opinião. Fundamentado com estudos estatísticos e opiniões de profissionais - quem sou eu para contra argumentar?. Caso queiram, está tudo aqui.

P.S.: Dêm uma risada com a parte em que mencionam a picada do Bob Geldof ao Sting.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Hmm, adeus!

Podem gozar-me, mas vou arriscar. Vi o He's Just Not That Into You, e acho que até está muito bem conseguido. Refiro-me apenas e só ao argumento. É o tipo de livro que me vejo a escrever, caso algum dia o faça. E ver um filme destes - baseado no livro com o mesmo título - só me faz pensar que esse dia está longe de ser sequer ponderado.
Caso não gostem da história, podem sempre contentar-se em ver as mamas e o rabo da Scarlett a serem apalpados pelo Bradley Cooper. Ups, já contei, desculpem. Ou, caso sejam gajas, podem sempre contentar-se em ver... o próprio Bradley Cooper.

Mais novidades? O blog vai de férias por tempo indeterminado. Caso volte a postar alguma coisa, será uma parvoíce de nada. E não, não é para me concentrar nos exames (já agora, boa sorte a todos). Coisas da vida.

Segredo: Volto quando a sondagem fechar para fazer a análise do costume, no provável último post.

Cumprimentos e até qualquer dia.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Diário

Isto, em dias normais, claro.

06:00 Despertador.
06:15 Broche da miuda.
06:30 Cagada massiva enquanto se lê as páginas de desporto do jornal
07:00 Pequeno-almoço. Bife, ovos, torradas, café.
07:30 Chegada da limousine.
07:45 Dois gin tónicos no caminho para o aeroporto.
08:15 Jacto privado para Faro, Algarve.
09:30 Limousine para o golfe da Quinta do Lago.
09:45 Normalmente jogo os primeiros 9 buracos, acabando com 2 abaixo do par.
11:45 Almoço. Duas dúzias de ostras ao natural. Três Heinekens.
12:15 Broche da miuda.
12:30 Continuo o golf
14:15 Limousine de volta ao aeroporto. Dois Jack Daniels.
14:30 Jacto privado para o Funchal. Broche da miuda e sesta.
15:15 Pescaria de fim de tarde, num iate com tripulação feminina em top-less.
16:30 Costumo apanhar merlins de 350 Kg, sapateiras e outros petiscos
17:00 Jacto privado de volta a casa. Broche da miuda seguido de massagem pela minha empregada ucraniana ex-modelo.
19:00 Vejo as notícias na TV. Vejo o futebol. Porto, já tetra, espeta quatro ao Trofense.
19:30 Jantar. Lagosta, Dom Perignon, Bife do Lombo, Caves Velhas tinto de 67.
21:00 Relax depois do jantar com um Cognac Augler 1789 e um charuto Cohiba.
22:00 Sexo selvagem com a miuda e a colega de curso.
23:30 Massagem das duas e jacuzzi.
23:50 No final, já na cama, solto um peido de 12 segundos e 4 oitavas.
23:55 Ligo o portátil e venho postar ao blog.
00:00 Dormir

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Gajos, desculpem-me!

Desculpem, pois vou estragar uma das mais infalíveis tácticas de escape usadas por nós. E chamem-me imbecil, pois com isto vou também crucificar-me. A vida vai piorar, mas terão de ser fortes.

Ponto central: Trair. Gajo que é gajo tem de trair. E se não trai é paneleiro. Melhor - como quem quer adornar a coisa -, se não trai nunca irá saber qual o real valor da sua mais que tudo. É por isso que traímos, para podermos chegar a casa e soltar um isto é que é qualidade, nunca mais traio, já vi que não vale a pena - mental. Ou então dão uma foda de outro mundo e a partir daí não querem mais nada. Isto já depende da vossa acompanhante e da qualidade do que fazem com ela.
Dois pensamentos a partilhar:
Primeiro: Trair é uma segurança. Trair é ter a certeza que, no fim - quando ouvirmos um o problema não és tu, sou eu, ou um há outra pessoa que se tem estado a aproximar, ou, por fim, o verdadeiro estive com outra pessoa, desculpa -, com toda aquela raiva acumulada pelo facto da relação já não estar na vossa mão, possam gritar Ai queres acabar com isto e comigo a sair por baixo? Tenho a dizer-te então que levaste com os cornos. Mesmo que seja mentalmente, mesmo que ela não fique a saber, vocês saberão que, no fundo, quem sai por cima são vocês, que quem levou baile foi ela, muito antes do baile dela ter começado. E mesmo de coração partido, ao menos saem com a satisfação de que, no mínimo, a chatearam e tiveram a vossa parte de vingança. Imaginem o que é saberem que foram encornados, depois de anos fiéis a uma relação. Não têm como responder, ficam de mãos atadas e a amaldiçoar o número de dias em que se mascararam de ursos. Ahh, se soubesse o que sei agora, tinha feito tanta merda...! Pois é, agora. Agora fode-te, fodesses! Paneleiro.
Segundo: Trair e não ser caço. Trair qualquer saloio consegue, trair sem ser caço não é para todos. Não me vou por aqui a divagar em esquemas para trair, para isso resolvam-se vocês que já são crescidinhos para isso e eu não sou vosso pai. O que interessa, aqui, é o que fazer quando somos caços. Primeiro passo: até que ponto fomos caços? Ela viu? Se sim, está complicado - mas não impossível. Se não viu a reacção é natural: negar. E mesmo que tenha visto, neguem na mesma. Ah, mas a minha melhor amiga viu-te! É mentira, essa gorda quer-me comer desde que a conheci. O teu melhor amigo contou-me que o fizeste... Truque mais velho da história, se é o nosso melhor amigo jamais nos faria uma coisa dessas. Acção: negar. Vi o teu telemóvel... Tansos são vocês por não apagarem mensagens incriminatórias. Até podem ter sido caços, mas não deixem de dar luta: armar estrilho do grande por o telemóvel ter sido revistado, acusar invalidade de provas - estilo tribunal - visto que foram obtidas de forma ilegal, e, por fim: negar.
Feita toda a negação possível e imaginária, o devido adorno das situações possivelmente perigosas, está na hora de passar ao ataque:
Ouve lá, mas tenho que me estar aqui a justificar porquê? Não acreditas em mim? É que se não acreditas não há razão para continuarmos juntos!
Isto com ar irado, perturbado e algo desiludido. O vosso sucesso depende sempre da bandeira que deram quando trairam. Não esperem que ela caia nos vossos braços com uma carta de amor na mão caso vos tenha apanhado na cama, a foder uma desgraçada qualquer à canzana - o pormenor da canzana dá sempre um ar mais trágico à cena.
Resumindo: no fim de contas, traem e ainda se chateiam com a encornada. Com alguma sorte, ela ainda vos pede desculpa.
Com menos sorte... acontece estarem a namorar com alguém mais esperto que vocês, e ainda levam é com um Oh meu filho da puta, mas tu pensas que estás a dar tanga a quem? Apesar do gosto que é ouvir um filho da puta bem dito dirigido a nós, aqui nem o meu blog vos pode ajudar. Aliás pode, com um conselho: corram! E depressa. Mesmo que ela acabe na hora, mesmo que vos dê um enxerto de porrada, e a partir desse dia faça da vossa reputação a pior da zona, lembrem-se: ao menos levou com os cornos.



Pessoal, perdoem-me por expôr o esquema publicamente - afinal de contas somos todos da mesma equipa -, mas uma conversa ao jantar, entre copos, motivou-me a escrever a teoria. Espero que arranjem novas formas de se safarem. E vocês, gajas, não comecem a remoer aquela vez em que confrontaram o vosso mais que tudo e aconteceu algo deste género, provavelmente ele não fez nada. E quem viu mentiu. Claramente. Aliás, estão agora a pô-lo em causa porquê? Ele era incapaz. Ele e todos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Prison Break

Vi o último episódio, hoje. A série acabou.


O SCOFIELD MORRE.




:D




Desculpem, foi sem querer.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Coisas que se sabem

Fim da noite, corpos exaustos. O sol ameaça rasgar o céu escuro. Só mais um beijo enquanto estamos abrigados da luz. Prolonga-o. Sente-o. Morde, sorri e olha-me. Vem, vamos fugir daqui e parar quando nos faltar o ar. E corremos, corremos, corremos. Páras primeiro, páro a seguir. Sentamo-nos na beira do passeio a ver os carros que passam. Abraça-me, está frio. Quero ficar contigo muito tempo. Muito tempo é pouco tempo, não queres um para sempre? Para sempre é muito tempo. Acordo selado com um beijo na bochecha. Tenho muito sono, mas não quero ir para longe de ti. Não tens de ir. Ficavas comigo a noite toda? Ficava contigo a vida inteira. E ficava. Imagino-te velhinha, de xaile e robe, junto à lareira, com o cobertor pelas pernas, a folhear um álbum de fotografias dos filhos e netos. Com um velho charmoso, ao lado, a olhar-te com admiração. E, ainda e sempre, com desejo. Quando for velho, vais desculpar-me por ver muito futebol e ser um rezingão de primeira? Tu já vês muito futebol e já és um rezingão de primeira. Ri-se, desalmadamente, enquanto corre, descalça, pelo passeio paralelo à estrada, ziguezagueando entre as pessoas que se preparam para trabalhar e as que a fitam, espantadas com aquela energia. Imito-a, menos ágil, até a alcançar, uns bons metros à frente. Beijamo-nos, outra vez, e olhamo-nos, com cumplicidade. Sabes bem que nunca me vais escapar. Sabes bem que nunca vou querer. Nunca é muito tempo. É, mas contigo passa a correr.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dois anos de Noites Difíceis

É verdade, o tempo passa a correr. Parecia ainda ontem, o dia em que decidi criar um blog onde, supostamente, depositaria textos anónimos, disponíveis a quem se perdesse neste canto da net. Os tempos mudaram, o feedback foi aparecendo. Um conhecido ali, outro acolá. O número de visitantes cada vez maior - nunca imaginei, por exemplo, que alguma vez excedesse os 21000 hits! -, as mensagens de incentivo também. Abordagens na rua, convites de editoras, mensagens pessoais e, claro, os sempre preciosos comentários aos textos. Hoje, passados dois anos desde o primeiro post, posso agradecer a vocês - que me lêm - o prazer que me dá escrever neste blog. E se enquanto for postando, vocês forem gostando... bem podem esperar, no mínimo, mais dois anos de Noites Difíceis, cheias de insónias e sonhos bem divagados.
Que tenham gostado tanto destes dois anos como eu, é o que desejo.
Parabéns a este espaço, e parabéns a mim, que tenho o meu mérito em cuidar dele.

Beijos e abraços
Rui

domingo, 10 de maio de 2009

Sondagem - Análise

Queima acabada, volta a rotina. A última sondagem pedia que extravasassem o pior que há em vocês de forma a apontarem o dedo a uma espécie como sendo a pior de uma lista.

Os resultados:

Ciganos
22 (44%)
Pretos
7 (14%)
Qué frôs
8 (16%)
Velhos
1 (2%)
Bebés
3 (6%)
Cegos
0 (0%)
Atrasados Mentais
0 (0%)
Sem abrigo
1 (2%)
Deficientes Motores
0 (0%)
Taxistas
5 (10%)
Anões
0 (0%)
Cães
2 (4%)


Os ciganos são mesmo uns traquinas, quem diria que ninguém gosta deles...? A maior surpresa, para mim, foi o facto de os pretos não terem arrecadado o segundo lugar (para não falar do primeiro). Isto e o facto de três pessoas detestarem bebés. É que são bebés. Que raio se pode detestar num bebé mais do que num cigano, num preto ou num taxista? Também não percebi os Qué Frôs. O Sonny, famoso qué frô de Coimbra, é cinco estrelas. Trata todos por taliban e anda sempre carregado de droga e bêbado. Ah, e também vende flores. Não é um gajo excelente?
Felizmente vejo que pelo menos duas pessoas no mundo partilham a minha fobia por cães. Os cães são o animal mais deplorável do planeta. É que pensem nisto: encontram algum animal, em qualquer ecossistema, que não fizesse a mínima falta à cadeia alimentar caso fosse erradicado? Encontram! O cão. Só comem ração dada pelos donos, ou lixo dos contentores (produzido pelo Homem). Animais nojentos. De qualquer forma, no cortejo da Queima apareceu-me um Pastor Alemão enorme, ao lado, e eu abracei-me a ele, a dar-lhe carinhos.

Eu não votei, porque nunca voto nas minhas sondagens para não influenciar resultados, mas, caso votasse, votava nos deficientes motores. Porquê? Porque à custa deles uma vez estive parado um dia inteiro numa auto-estrada. Então não é que ia em viagem, todo acelarado, e só se ouve aquele PFFF, e o carro a perder velocidade gradualmente... Veio lá o mecânico e disse que a culpa era do motor. Que era deficiente. E eu fiquei com um pó a motores que nem vos conto.

E também gostei do facto de ninguém odiar os cegos, senão de certeza que não teriam gostado da Queima, andava lá o pessoal sempre todo cego.

Acho melhor ficar por aqui. Ainda tenho muito a recuperar.

Queima 2009

Tenho para mim que se há uma verdade universal, é a de que, na Natureza, tudo tende para o equilíbrio. E se por um lado fiquei triste quando, no ano passado, classifiquei a minha Queima como a menos agressiva de sempre - embora fortíssima -, por outro comecei desde logo a preparar-me psicologicamente para a deste ano. E em boa altura o fiz, senão desconfio que não teria passado do primeiro dia.

Por falar em primeiro dia, coisas a reter: A serenata com a maior afluência de sempre. E quando me refiro a serenata, não falo daquele choramingar de bebés na Sé Velha, nada disso. Isso é para meninos. Só lá fui uma vez desde que me mudei para Coimbra, e foi só mesmo para gozar quem estava a chorar (e para confirmar que mais valia ter ficado mais tempo no restaurante). O bom da serenata são os convívios do after-choro. Aí já ninguém distingue se os olhos vermelhos são de ter estado a chorar, a beber ou a fumar.
De qualquer forma, caminhar três passos seguidos era uma tarefa hercúlea. Chegar aos finos um objectivo apenas reservado aos mais fortes. Conseguir manter um grupo de - vá lá - 6 ou 7 pessoas juntas por mais de 5 minutos... impossível.

O cortejo foi a morte. Eu e os cortejos sempre tivemos uma relação amor/ódio, mas este ano foi algo de transcendente. Antes de mais tenho a dizer que o meu carro estava lindo. Depois de tanto trabalho, foi bom olhar e dizer, em uníssono com os restantes 17 futuros (*cof*) engenheiros civis, que orgulho, está mesmo lindo! Se arranjar fotos entretanto posto aqui para verem a obra de arte, mas basicamente era uma verdadeira rectro escavadora, com a pá à frente e a rectro atrás (pleonasmo?), a preto, e o restante corpo da máquina a azul claro e branco. O interior era forrado a cerveja, malibu, whisky, beirão, e tudo o que se pudesse imaginar. Estão a imaginar a beleza? Estão? Os júris não, visto que o consideraram o pior (leram bem) do cortejo. O pior! Que orgulho!
Orgulho porque a nomeação não se cingia à beleza estética, mas também - em grande parte - ao comportamento. Ora, o único carro que atrasa o cortejo, com tácticas inovadoras e inteligentes, só merece uma distinção.
Eu defendo a nossa causa ao júri: meus gays, então somos o carro número três, e vocês metem o condutor a dar gás pela Sá da Bandeira abaixo? Inadmissível. Procedimentos: Sair do carro, ultrapassá-lo, sentarmo-nos à frente dele e não arredar pé. Ou rabo. Ou corpo. Já ia de cada um.
Entre cervejas cheias atiradas para onde calhava, chatices com o público, zonas púdicas a nú e outras coisas afins, aquele carro mais parecia um zoo. E eu, qual criança inocente, lá no meio. Ao menos lá para o fim - em pleno largo da portagem - ainda arranjei tempo para tirar uma bela soneca em cima do tejadilho, estava mesmo cansadinho, soube bem. Ah, acabei o dia a dormir nas escadas (e quando digo escadas não digo vãos, nem intervalos de escadas, foi mesmo nas escadas, a pisar costelas) do meu prédio. Coisas que acontecem.

Conheci a filha do professor com o nome mais fixe de Civil: Professor Picado. Era mais alta do que eu, mas até era bonitinha, o que me pareceu uma boa hipótese de me vingar dele. Que idade tens? Quase 19. Ah bom, não tens 18, tens quase 19, isso já é outra coisa! Esta juventude está perdida.
Esqueci-me três vezes do bilhete geral no carro, mas só reparei nisso quando estava a entrar no recinto. Uma delas, aliás, entreguei o bilhete, ao que o segurança me diz:
Oh amigo, isto não é o geral.
Olhe que é, olhe aqui: Bilhete Geral.
Sim, realmente um geral é... so que é o da Latada.
E ri-me, porque chorar não adiantava de nada. Lá foi o desgraçado sozinho para trás.

Recebi uma mensagem - num day-after - que, de tão simples, me fez rebolar: Babe, tavas tão lindo de amarelo!
Nunca subestimem o amarelo.

Tenho também a referir que o palco secundário foi muito underrated mas lá mais para o fim se afirmou como uma zona histórica.

Por fim, foi mais uma Queima em que o meu blog entrou em várias conversas nocturnas, muita gente se apresentou como leitor assíduo e ainda houve tempo para passarem por mim a berrar "eu é que sou a fã do teu blog!", enquanto alguém a puxava pelo pescoço. Tenho pena de não me lembrar de grande parte das pessoas que me falam nestas alturas, mas fica a intenção. O que sei é que sempre que elogiavam aqui o cantinho me dava vontade de encarnar os rabetinhas trajados na serenata.

Awww, já acabou. Tenho pena, foi uma semana alucinante - e desgastante -, mas foi, provavelmente, a melhor Queima desde que estou em Coimbra. E já conto quatro. Obrigado a quem fez dela inesquecível.

sábado, 9 de maio de 2009

Rápida Actualização

Nota: ESTOU VIVO!


E ao acordar, sexta feira, peguei numa caneta imaginária e escrevi neste exame que é a Queima: Declaro que desisto. E vim embora!
Pensava eu que vinha para aqui recuperar forças quando me vejo desde as 3 da manhã até, hmm, agora (!) a tentar adormecer - sem efeito. Hábitos.

A reportagem sobre a queima está para breve, talvez para amanhã, talvez para depois, quem sabe. O que eu sei é que gostava de dormir, e o meu relógio biológico não deixa.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ando a ser difamado!


Gosto da suiça. E do sinal. E dos dentes. E da testa. E do nariz. E do cabelo. Têm a minha autorização para se desmancharem a rir.



Quinta feira vai ser o demónio à solta nas ruas de Coimbra.

Novos Fitados Engenharia Civil 2005/...
Rectro-Encavadora


Carro nº 3 (enfim, vamos abrir aquilo), estejam à vontade para pedir bebidas.

sábado, 25 de abril de 2009

Está negro.

Estou a precisar de ler um livro que me dê vontade de, quando o acabar, vir aqui a correr dizer para o lerem. Ajudem-me. Opinem. Ou não pinem, como queiram.




Para já estou a ler um que não aconselho a ninguém. E quando digo ninguém, é mesmo ninguém. Chama-se Estática Aplicada, de João Oliveira Negrão. Homem que é, nada mais nada menos... meu professor e coordenador do curso. Tem uma mão com metade do tamanho da outra. Para terem noção, um rato de portátil é grande para a mão dele. Quis só revelar este facto porque é a única coisa interessante nas aulas dele.


Professor, caso veja isto... não se vingue em mim. Todo o pessoal do curso o goza. Ganhe vergonha e ampute isso.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Disarm

Saiu o best of dos Smashing Pumpkins, colei-me - especialmente - nesta.


Disarm - The Smashing Pumpkins


Pff, nostalgia.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Taça ADS

Hoje foi um dia muito bom. Tenho o corpo completamente rebentado. Pisaduras espalhadas pela zona lombar e pernas. Consegui transpirar uma piscina olímpica, durante o dia, e tremer mais que as asas de um beija-flor, à noite. Mãos e braços doridos e sem força. E isto tudo entre amigos. Ressacados. É bonito.
Mais bonito, só mesmo ir na estrada nacional, e aparecer-me um javali (leram bem, um javali) a atravessar todas as vias, a correr. Mais um bocado de velocidade e acertava-lhe. ...Era porco.

...

As questões que se colocam aqui são:
Mas o que é que andaste a fazer?
Os javalis existem mesmo?
Já viste o novo episódio de Heroes?

Respondo à última. Não, vou ver agora. Não quero spoilers até daqui a 40 minutos. Beijinhos pucanininhos.

domingo, 19 de abril de 2009

Quoted

Even in your generosity, you are selfish. That's just who you are.

From Heroes, Episode "1961".






Podia divagar nisto por horas. (Hoje) deixo isso para vocês.

sábado, 18 de abril de 2009

Dia Normal

Foi num dia normal. Como todos os outros. O dia mais normal que se possa imaginar. Nuvens brancas, perdidas no céu azul. Trânsito num frenesim, a lembrar uma orquestra com dois instrumentos, apenas: buzinas e motores. A calçada iluminada pelo sol fraco do fim de tarde, qual tapete vermelho estendido, pronta a ser pisada por ti. Sempre preferi ver-te chegar do que partir, naquele dia não era diferente. Já com o corpo castigado das várias tentativas de arranjar a posição ideal para estar sentado, avisto-te. Caminhar altivo, cabelos ao vento, olhar escondido atrás das lentes escuras. Percorres a calçada com desdém e alcanças-me, por fim. Olá, disparas tu. Um beijo, respondo eu. Das palavras que se seguiram ficaram-me apenas pedaços perdidos, a vaguear na cabeça. Não vou estar com rodeios (...) desculpa (...) não é como antes (...) sair (...). Por outro lado, pelo meio ficou uma frase que crava a nuca de tal forma que a dor que transmite requer muito poder de encaixe: eu já não gosto de ti.
Remato com o detalhe de se estar olhos nos olhos, durante o monólogo. Ouvir isto, assim... é uma experiência de vida que nos faz ganhar uns bons 10 anos, cá dentro. A pancada na cabeça é de tal forma grande que os primeiros segundos são passados a tentar encontrar para onde fugiram as palavras que tinha no vocabulário. Primeiro vem o sentimento de rejeição da realidade, depois o açambarcar da desgraça. A revolta, a ira, o fervilhar. Milhares de palavras - já repostas no vocabulário - prontas a sair da boca. Como são tantas, tendem a atropelarem-se mutuamente. Como é hábito no ser humano, o diálogo é pobre e mal falado. O remoer, analisar situações, ver aspectos contra e a favor... é que já costuma ficar para depois.
O sentimento de incapacidade e desespero, esse... é indescritível.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Extras

Mudei o título do blog para Noites Difíceis, visto que só escrevo em português, não faz grande sentido ter o título em inglês. Utopic Nights mais parece o nome de um jogo para computador de magia, ou algo do género. Ok, na verdade não parece nada, mas há um jogo qualquer que se chama Neverwinter Nights (e acho que tem a ver com magia) e eu tenho a mania de associar o nome, vá-se lá saber porquê. Esta referência a jogos não faz de mim geek, ou faz? Faz. Merda.
Mudei também o meu username de Utopic para Rui. Primeiro porque toda a gente já sabe que sou o Rui (para quem não sabe... Olá, sou o Rui). Depois porque Utopic é... hmm, nem sei bem definir... é... meio abichanado. É por aí. Ao menos Rui é o meu nome, um gajo tem que ter sempre orgulho no nome, mesmo que se chame Esmeraldino.
Pode ficar assim? Obrigado então. Um beijo repenicado na testa de cada um de vocês, como a minha avó me fazia quando eu lhe dizia que ela me babava as bochechas. Depois disto comecei a dizer-lhe que me babava a testa e ela passou a dar-me beijos no cabelo. Isso já não vos faço, sei bem que há uma probabilidade bem elevada de estarem a ler isto sem banho tomado. E, pior, que algum de vocês, mesmo de banho tomado, pode ter um cabelo daqueles que usa shampoo à base de óleo Fula, estão a ver? Tenho muito medo dessas coisas. É que a distância que separa a palavra sedoso da palavra seboso não é assim tão grande.

Posso deixar aqui uma música gira? Deixem lá. É que vão ouvi-la e depois vão dizer que afinal até é bonitinha. Não? Vou meter na mesma.


Fools In Love (LP Version) - Inara George

sábado, 4 de abril de 2009

Pulsar (não, não é publicidade)

Tenho uma coisa para dizer aqui que poderá revoltar muitos, e/ou encorajar outros tantos. Para mim, quem não se masturba, é paneleiro. E isto é válido tanto para gajos como gajas.
Gajo que é gajo tem de saber e gostar de - atentem na beleza da expressão - bater umas boas punhetas. É que não há gaja que algum dia consiga masturbar-nos melhor do que nós próprios o fazemos, isso vos garanto. Quando metade das gajas interiorizar que a pila não é um frasco de maionese, o mundo está conquistado. Esgalhar é uma arte, nós é que sabemos o que mais gostamos e como mais gostamos. Se não aproveitamos isso, o que é que somos? Burros. E paneleiros. Convém admitir, porém, que no vosso caso, gajas, também se passa o mesmo. Ao vosso lado, somos uns meninos na arte de massajar manjericos. Mas lá está, é a tal treta sensorial, vocês haverão sempre de saber como mais gostam. O bom de ser masturbado é precisamente o facto de não sermos nós a fazê-lo. Ah, e não liguem aqueles psicólogos da merda, que passam a vida a dizer que quem não o faz não é obrigatoriamente desinteressado por sexo. Pois não é desinteressado, é interessado mas é por brincar com pessoas do mesmo sexo. Quem se masturba como um desalmado não tem a minha condenação, por mim fazem vocês muito bem, espanquem o macaco à vontade. Muita gente vos trata por tarados, eu chamo-vos activos. Ainda por cima previne o cancro da próstata, querem melhor?
Falando das gajas... o caso vira completamente de figura, claro está. Afinal de contas estou aqui para vos contar o que todos os gajos pensam mas nenhum vos diz. É excitante que vocês se masturbem, mas nada de o apregoar aos sete ventos, senão é retirado o rótulo Excitante e colocado outro com a palavra Porca do Caralho. Mesmo com este rótulo ainda há quem não se importe. Minorias. Basicamente, é excitante saber que o fazem, é bem menos excitante ouvir-vos dizer que o fazem. Percebem a ideia? Sabendo tal coisa, um gajo começa logo a imaginar-vos numa cama a tocarem-se e a contorcerem-se por todos os lados. Isto é certinho. O complicado é o gajo saber, sem que vocês o digam. Mais ainda: se acontece o gajo saber que é usado durante a masturbação para excitação, o ego tende a ficar mais alto que os Alpes. O ego e outra coisa. Pelo menos o meu fica (estou a falar do ego). Este último ponto faz-me sempre sentir um bocado estranho. É que esta sensação não é lá muito recíproca. Já várias vezes ouvi gajas dizerem que acham execrável a ideia de um gajo polir o mastro a pensar nelas. Nojento mesmo, dizem. Amigas, tenho uma pergunta para vocês: Como é que é possível? Vocês são objecto de desejo, são quem mais tesão dá ao gajo, naquele instante, é a vocês que ele recorre por vos ver como uma auto-estrada para o orgasmo. Isto é mais que um elogio. Era de quem vos desse com um pau (bem dado) quando vos saíssem barbaridades destas pela boca. Embora, a vosso favor, tenham o facto de que a vossa masturbação seja um acto muito mais bonito que o nosso. Ser Dj é mais bonito que ser carpinteiro. Uma massagem é melhor que pregar um prego. A vossa masturbação é sensual, a nossa é o espelho da nossa taradice. Mas homem que é homem tem sempre o seu lado tarado. E a masturbação não foge à regra.
Para finalizar, remato com um incentivo ao punheteirismo. Dêem uso ao pulso, esfreguem a vontade que a pele não se gasta. E lembrem-se disto, que um amigo meu me disse numa altura da minha vida em que nem sabia que as pilas encaixavam nos pipis:
Há punhetas bem melhores que certas fodas.

Pérolas que ficam no ar

Ser de engenharia civil não é mau de todo. De vez em quando agradeço ao senhor Jesus o facto de ter criado algumas das personagens que zombam lá pelo departamento. Então eis que chega um colega à beira de outro colega e diz o seguinte:
Então, estás porreiro ou vais p'ró Barreiro?
*silêncio*
Trolha!
Podem rir. Não se riram? Ainda o vão fazer. Esse mesmo colega, passados uns minutos, sai-se com outra. Querem saber o que foi? Cuscos, porra, piores que as velhas. Ok, eu digo.
Passa uma rapariga à nossa (nossa = bando de rapazes) frente... Epá, a rapariga não era nenhum pêssego decomposto, mas também não era a melhor gaja de sempre. Digamos que eu era menino para ter uma aventura exótica com ela, mas não fazia dela a minha musa inspiradora. Ora então ela passa... e a reacção do gajo é a seguinte: Olha para mim, mete a mão na cabeça e suspira, enquanto solta a frase: Nossa Senhora... Que obra de Cristo.
*silêncio*
Trolha!
Silêncio nada, que eu já estava deitado no chão a rir-me, mas o rapaz não se deu por satisfeito, queria trabalhar-me os abdominais à força toda, por isso reforçou ainda mais o pouco nível que já pairava naquele grupo com esta grande pérola (ainda a referir-se à tal rapariga)...
Que argamassa bem betonada...!
*silêncio total*
Trolha!
Foi o delírio da bancada poente, com os futuros engenheiros em êxtase.
Às vezes acho que estas bocas não são lá muito charmosas, mas se calhar é a minha cabeça que não percebe é nada disto.
Por falar na minha cabeça... a propósito duma conversa que tive com um amigo meu, magiquei uma pseudo-anedota. Querem que partilhe? Sim, por favor, grande Rui! Ok, mas é só uma, 'tá? 'Tá. (Dizer 'tá é tão gay, deixem-se disso...)
Aqui vai:
Uma gaja engata um gajo na noite e leva-o para a sua cama. O gajo já não pinava há anos, tinha os tomatitos que mais pareciam bolas de basquete. Quando atinge o orgasmo, o gajo vem-se para tudo que é sítio, suja a gaja, a cama, o chão, as paredes, tudo mesmo. Qual é o nome deste filme?


...


Too leite to apologize.





Hmm. Leite. Late. Tão a ver? Ah... Pois...

Desculpem :(