sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Darkside do MacDonalds

Foda-se. Começar um post com foda-se só pode antever uma diarreia mental. Nada mais correcto. Como o estudo corre mal e a paciência para os exames se esgota antes que eles comecem, tenho de canalizar a minha raiva para algum lado. É que somos nós quem se mata a estudar mas parece que quem fica imbecil é quem nos rodeia.
O que fazer quando se dá aquele desiquilíbrio sensorial vulgarmente denominado... merda para isto, já não posso ver ninguém à frente? Vou ao MacDonald's. É tão bom insultar - terapia relaxante, a sério.
Surpresa das surpresas, quem me atende é um indivíduo de raça negra. Foda-se, vamos lá outra vez:
Surpresa das surpresas, quem me atende é um preto de merda, esquelético, com cabelo à - imagine-se - preto. O normal, no MacDrive.
- Qualé o sê pidido?
O meu pedido? A quem, a Deus? É que varra do meu país pessoal como o que trabalha dentro deste lixo. E imagino todos os pretitos que lá trabalham, enterrados até ao pescoço, no alcatrão do parque de estacionamento, a olharem-me com ar assustado. Estão com medo de quê? Provavelmente disto. E desato a pontapear as cabeças escuras, sem dó nem piedade, como se o título de campeão nacional do Porto dependesse disso.
- Menu com Big Mac e Cola. Desconto de estudante.
- Disconto dijlá ná cáixa, ókê?
Eu se algum dia for à tua terra vou tentar fazer umas macacadas para falar na tua língua, mas cá, em Portugal, falas o que todos falamos, que é p-o-r-t-u-g-u-ê-s, de acordo?
Diz desconto na caixa registadora, é? Tem lá um autocolante com essa palavra? E imagino-o a abanar a cabeça, meio acéfalo, meio sem perceber a minha dúvida.
Chegado à caixa está... um branco. Nada mais óbvio, para se trabalhar na caixa é preciso fazer contas. Matemática = lugar não disponível a pretos. Pode fazer desconto para estudante? O seu colega lá atrás nem quis ouvir, remeteu-me logo para cá. Chupa aí, preto, aprende a falar.
Chegado à janela para receber, finalmente, o pedido, pode avistar-se o balcão de atendimento. Com uma olhadela rápida lá para dentro é facilmente reconhecido que quem quiser trabalhar no Mac só tem de ter uma qualidade (nota: a palavra qualidade, aqui, não tem forçosamente conotação positiva, digamos que poderia ser facilmente substituída pela palavra característica. Ou azar.), que é: ser preto. A não ser que queiram ir para gerente. Sim, porque em tantos anos que frequento o MacDonald's, nunca vi um gerente preto.
Ah, oh Rui, seu grande racista, então mas como é que tu sabes que o branco é o gerente?
Pá, ia ser quem? E nunca há mais de um branco, lá dentro, também.
Coisas a reflectir:
Insucesso escolar, falta de trabalho e todas essas amarguras típicas de quem está em início de carreira no mercado de trabalho são pontes para se acabar no MacDonalds. E ser preto, claro. Ah, maj nóij vir prá cá té ganhar dinheiro pára dar o salto. Salto? Bem sei que saltar já faz parte da vossa natureza, macaco, mas já saltavas era para a tua terra. Numa empresa minha não trabalhavas. Vocês gostam é de andar aí na kizombada, na cozinha, a encher os hamburgueres de cheiro a catinga e saírem daí sempre de Big Mac na mão, no fim da noite. Depois admiram-se de morrerem cedo. É por África ser um continente com muitas doenças, não é? Pois é.
Claro que depois me apaixono por pessoas que me perguntam se quando dou moedas para pagar algo - neste caso, aos pretos -, lhes toco na mão. O tanas que toco! Deixo sempre cair as moedas, de bem alto, para os moços não terem a tentação de sentir a minha pele suave. E fico doente quando tocam, mal chego a casa tomo banho e esfrego a mão com pedra pomes até fazer sangue. O meu sistema imunitário é mais forte que o de um crocodilo, mas mais vale prevenir que remediar.
Onde é que tinha ficado? Ah, na entrega do pedido. Veio o branco entregar o saquinho, o que achei reprovável, visto que se fosse eu o branco - ou seja, o rei, o cérebro, o deus (da merda) - não faria mais nada o dia todo, a não ser sentar-me numa cadeira bem confortável, a comer toda a espécie de porcaria que por lá se faz, com uma pistola de pressão de ar no colo, que ocasionalmente saltaria para as mãos para praticar tiro às escuras (foi gira, esta). Estilo Schindler's List. E gritaria ordens de incentivo, tipo Toca a trabalhar, preto! Se o próximo Big Mac demora mais de 30 segundos a ficar pronto, deixo de te atirar bananas para o chão e tocar o sino.
Onde é que tinha ficado? Ah, na entrega do pedido. Veio o branco entregar o saquinho - e quem diz branco, diz gerente - deseja bom apetite e um volte sempre, e despede-se com um sorriso. É gay, visto que sou um gajo, bem sei, mas não deixa de ser um atendimento à não-preto.

Já agora, atendimento à preto: estende um saco e uma bebida e não diz coisa nenhuma porque só sabe o dialecto tribal da terra dele. Revisto o saco, porque já sei que não se pode confiar naquela gente. Guardanapos? Ou não existem ou são transparentes. Olhe desculpe, podia dar-me guardanapos? É que não fui habituado a besuntar-me todo e a limpar-me ao corpo, tipo tu. Também tinha pedido molho de salsa para as batatas, mas parece-me que não está cá. Incrível - o facto de acontecer sempre. Peço desculpa, senhor. Eles são os primeiros a sentirem-se inferiores, quem é que no seu juízo perfeito me trata por senhor? Com banqueiros ou advogados - coisa que os pretos do Mac nunca serão (na vida inteira) - tudo bem, há sempre uma componente formal a respeitar, mas eles, tratarem um gajo de t-shirt e óculos de sol, do alto dos seus 22 anos, por senhor... só mesmo vindo de quem olha para um branco e lhe deseja a pele. Salvo seja. Salvo seja não, que eles têm uma pancada por nós. Eu, pancada por eles, só na cabeça - e de bastão, com muita força.

Lembrei-me, à custa de tudo isto, de um gajo do meu curso. Chama-se Júlio. Podem gozar com o nome que eu também gozo - não directamente, que ele mete medo.
Certo dia, a meio de uma conversa, deixou escapar que trabalhava. Perguntei onde, ao que ele responde: Mac. Não fiquei surpreso, admito. Aliás, surpreso estava antes, por pensar que ele não trabalhava lá.
É burro como uma porta (tem menos cadeiras feitas que eu, acho que é prova inequívoca), e - imagine-se - é preto. Ah, a cereja no cimo do bolo, o nome: Júlio... Quadé. São tão fofos com os nomes, eles.

O pior nome que já vi foi um indivíduo...
Porra, outra vez: O pior nome que já vi foi um preto, no Dolce Vita, com - inserir cara de *enfim* aqui - uma camisola do Porto, que quando se vira mostra a seguinte inscrição no espaço reservado ao nome: Ya Fortes. Sim, leram bem. Foda-se, Ya Fortes? Mas quê, os teus pais quando foram ao registo civil não souberam comunicar com o símio que os atendeu? Imaginei logo a cena:
- Átão méu, é pa registar outro puto? Tão à créscér bém, os outros 18? Déspácha isto rápido pá ir ali subir umas árvorês, qual é o nome?. - E come uma banana. O pai do Ya não percebeu dois terços do que ele disse, já meio vidrado na banana e na ideia de subir árvores, ficando-se pela compreensão da segunda pergunta, à qual respondeu:
- Ya, fortes!
E celebraram o registo com pancadas no peito e gritos desenfreados.

Que nome tão fixe, Ya. Deve ter sido fácil para ele arranjar problemas na noite, por cá.
Como é que te chamas? Ya. Ya o quê? Ya Fortes. Preto do caralho, 'tás a gozar comigo?



Pronto, já expeli tudo. Acho que depois de tanta energia descarregada o meu estudo vai crescer exponencialmente. Obrigado a quem me atura.


Júlio, espero que nunca tenhas conhecimento do meu blog, grande abraço, és o maior! Tanso.

9 comentários:

Unknown disse...

I won't join the darkside, because they have... catinga! LOL

bom post! uma grande maneira de começar o dia! ^^

Palavras disse...

1º - Que agrssividade! 2ª A tua pele suave? pois...lol!
para pagar podes sempre deixar o dinheiro no balcão...se forem moedas é giro vê-los a tirá-las...parece que sofrem de doenças nas mãos...
Vá...ando a tentar não dizer nada sobre a raça porque cada vez que digo aparece um ao meu lado...nao tenho grande sorte nao!

Latina disse...

2 coisas.

1º desconto de estudante no mac?

2º tanto racismo :(

m&m disse...

god!!!! msm que tenha ironia à mistura ... tanto racismo :p

Unknown disse...

- Ahah, indeed! :D

- Mais suave que a deles :| LOL por acaso é bem pensado, vou começar a fazer isso.

- Cá em Coimbra fazem desconto a estudantes, sim. Foi só um bocadinho, tão cedo não volta, vá :)

- Foi centrado nos gajos do Mac, quem me conhece sabe que não sou racista. Nem irónico. Yay!

l. disse...

hmmm. (não consigo dizer mais nada lol)

Jazz disse...

Loool confirmo que os empregados do Mac cá são TODOS pretos e, tenho vindo a verificar que maior parte dos do Dolce Vita também :|
O teu estudo deve relamente ter rendido imenso =p*

AnaB disse...

LOL!
A verdade seja dita, eles já invadiram quase portugal inteiro!
Eu qdo vou a lisboa já me sinto em África! eheheh
Do Douro pra cima ainda são uma minoria mto minima!
Já no MacDonalds de VR os funcionários são quase todos alunos da Utad e brancos! Coitados! Têm q arranjar guito pra pagar as propinas!

Mas o mais curioso desta situação toda, é q o cardiologista do meu pai em VR, o Dr. Pelicarpo, é de raça negra, mas tão negra, q só se vêm os dentes e os olhos!

Afinal os "pretos" q se atravem a atravessar o Douro já têm algum estatuto! LOL

Unknown disse...

- ahah, que fofa.

- verdade lool, embora aí acho q ainda se aguentam bastantes brancos.

- lool, muito bom. tens o mundo ao contrário, brancos a trabalhar no Mac, pretos a médicos... :)