quinta-feira, 18 de junho de 2009

Muros de Gesso

Pousei o livro que lia faz tempo e olhei a paisagem, da minha varanda. Um dia trago-te cá, mas só à noite, que é mais bonito. Pode ser no dia em te veja, outra vez. Dia em que decidires pôr fim ás ruínas que deixaste para trás, daquela vez em que me disseste adeus. Mal sabia eu que era a última. Mal sabia eu que aqueles textos do Júlio Machado Vaz, que li quando era novo, a divagar sobre o que custava um adeus, não eram filosofias baratas, afinal. Uma vez - só uma - perguntei por ti. Disseram-me que te tinhas casado. Tive pena do sortudo. Aturar uma vida de pesadelo e martírio. Que inveja a minha. Duas vezes - só duas - perguntei-me se perguntarias por mim. Da primeira jurei nunca mais perguntar, da segunda também. Veremos o que acontecerá na terceira.
Dá-me vontade de pegar outra vez no livro e lê-lo até ter tanto sono que tenha de repetir quatro vezes o mesmo parágrafo para que faça sentido. Pode ser que pelo meio te encontre, numa frase tua, ou minha. Ás vezes penso que só leio para isso mesmo - te encontrar. Classifico os autores como bons ou maus consoante falem mais ou menos em ti, respectivamente.
Ainda me lembro como os teus cabelos abanaram, pela última vez, e me partiram o peito sem que eu soubesse. Ainda tenho a marca, sabias? Para lembrar(-te). Tenho pena é que apesar disso, como dizem os nossos Linda Martini, sei que não te vou negar a visita ás (tais) ruínas que deixaste em mim.

3 comentários:

NF disse...

Queres que repita outra vez? :)

Palavras disse...

Gostei.

Unknown disse...

- É sempre bom e eu digo sempre obrigado, repara:

- Obrigado :)