sábado, 27 de junho de 2009

Um dois três

Vê-me bem, estou aqui, aproveita a minha presença
Prova um beijo, se sou reza és a crença
A doença que não passa, mal de mim a ter criado
Encarcerado nesse riso malogrado
Conta-me os teus medos, sem eles não sou ninguém
Guardo-os no peito - já são meus por direito
Pede-me segredo, não sou eu quem medo tem
Mata-me esta fome antes que chegue a hora
De amar e ficar disforme, esquecer e ir embora
Sabes lá o que sentia, só de pensar em perder-te
Ora agora, vendo bem
Deixa-me só esclarecer-te:
És o melhor que a vida tem.


(Sejam sinceros com este, já não escrevia disto faz muito tempo)

Tilt

Senti-me engenheiro quando, hoje, enviei uma mensagem a um colega de curso a clarificar uma dúvida, que dizia: "No ajustamento de percentagens de areias e britas, a granulometria - para determinar o módulo de finura de referência da mistura - obtém-se através das ordenadas da curva sem cimento".

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Noites Difíceis

Vou dizer que sim. Que te quero tanto aqui que mal consigo respirar. Sabes quando o peito fica tão desgovernado que pensamos que algo está mal com ele? Sei que tudo está bem. Sei que melhor só ficaria se estivesse a tua cabeça sobre ele, de olhos fechados, a viver os teus sonhos, comigo perdido neles. E comigo perdido em ti, a olhar o céu escuro, cúmplice, que sorri para nós e esculpe o nosso nome numa estrela brilhante. És o nosso confidente, nunca nos estragues estes momentos. Diz que sim, que estás aqui comigo, com as pernas enroladas nas minhas, como se tocarmo-nos fosse o oxigénio que o mundo precisa para rodar. Diz que me beijas, devagarinho, para eternizar o momento, e me abraças com força, para eu não fugir. Diz, para eu te chamar de tonta, te aconchegar no colo e te olhar nos olhos, como nos filmes, sorrir e ver que estamos melhor do que estivemos no passado, e pior do que estaremos no futuro. Deixa-me fazê-lo e guardar-te na memória, para que um dia mais tarde, quando estiver sozinho, as tuas promessas me façam sorrir. Para que num dia como hoje, te tenha comigo como sempre tive. Como se fosse a primeira. Como se fosse a última. Como se fosse a única vez. Vem, que esta noite quente grita o teu nome como quem dele precisa para deixar raiar o Sol. Imito-a, em uníssono, num peditório consensual, de quem fez da tua ausência doença, e da cura a tua presença.

sábado, 20 de junho de 2009

Deja vu

Aconteceu-me uma coisa muito estranha, ontem. Andei a ler o livro Tudo que temos cá dentro, de Daniel Sampaio, e por acaso, enquanto remexia em textos antigos meus, que por cá tenho perdidos, encontrei um que me deixou um bocado pensativo. Escrevi-o em 2006 - faz três anos exactamente no próximo mês -, e, na altura, alguém (Lili, meu anjo) me disse que lhe fazia lembrar o tal livro que acabei agora. Não dei importância, visto que nem sabia do que tratava ao certo. Desta vez, depois de relido... foi estranho. Aqui vai:

Doutor, acho que estou a recuperar bem. Embora as noites continuem longas e os dias compridos, o amanhecer parece sofrer uma gradação de beleza a cada dia que passa. Estou a conseguir encontrar-me, não tenho dúvidas disso. Mas, doutor, hoje abri uma excepção. Não foi voluntária, a sério que não. Mas voltei a mergulhar naquele mar confuso que me acostumei nos últimos anos. Revivi tudo. Voltei a sentir o que queria e o que não queria. E voltei a ver que o que não queria vem sempre em maior quantidade que o que queria. Sempre soube onde a estrada acaba, mas teimo sempre em seguir aquele trilho. É como me dizerem que o caminho de pedra é o mais rápido e mais seguro, mas de já estar tão habituado ao de terra, nem me dou ao trabalho de o conhecer. Imagino que um dia estas sessões acabarão por ter valido a pena. Ou talvez me limite ao meu egocentrismo na hora da vitória, aclamando a minha grande personalidade como pilar base para o meu sucesso. Mas se acredito tão fortemente em mim, porque recorrer a terceiros? Porque não ultrapasso todas as barreiras sozinho? Hoje, tive uma recaída... já sei que o combinado era não poder ter mais. Mas ás vezes o amor fala mais alto. E eu sou assim, não aguento. É como estar de dieta e ter um pacote aberto de maltesers mesmo à nossa frente. Não dá. Pelo menos uma bolinha tem de ser consumida. Adoro chocolate porque é a coisa mais saborosa do mundo. Adoro o amor porque é a melhor coisa do mundo. Odeio chocolate por fazer borbulhas e engordar. Odeio o amor por fazer sofrer. Amanhã não sei o que vou fazer, mas não me arrependo de hoje.

Achei-o tão em linha com os diálogos, temas e um pouco de tudo mais que o livro contém, que começo a duvidar se não o teria já lido na infância. E gostei (deixem-me ser um bocadinho presunçoso, se fazem o favor), bastante, até.



P.S.: Desculpem-me este vómito constante de post's, mas estou a matar a ressaca de ter ficado uns tempos sem vos visitar, prometo acalmar as hormonas nos próximos dias.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Rascunhos

Existe somente uma idade para sermos felizes, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter bastante energia para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para nos encontrarmos com a vida, viver apaixonadamente e desfrutar de tudo com toda a intensidade, sem medo ou culpa de sentir prazer.
Fase mágica em que podemos criar e recrear a vida à nossa própria imagem e semelhança e sorrir, cantar, brincar, dançar, vestir-se com todas as cores e entregar-se a todos os amores experimentando todos os seus sabores, sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem, em que todo o desafio é mais um convite à luta; em que enfrentamos com toda a disposição o tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade, tão fugaz na nossa vida, chama-se presente e tem apenas a duração do instante que passa...

O Darkside do MacDonalds

Foda-se. Começar um post com foda-se só pode antever uma diarreia mental. Nada mais correcto. Como o estudo corre mal e a paciência para os exames se esgota antes que eles comecem, tenho de canalizar a minha raiva para algum lado. É que somos nós quem se mata a estudar mas parece que quem fica imbecil é quem nos rodeia.
O que fazer quando se dá aquele desiquilíbrio sensorial vulgarmente denominado... merda para isto, já não posso ver ninguém à frente? Vou ao MacDonald's. É tão bom insultar - terapia relaxante, a sério.
Surpresa das surpresas, quem me atende é um indivíduo de raça negra. Foda-se, vamos lá outra vez:
Surpresa das surpresas, quem me atende é um preto de merda, esquelético, com cabelo à - imagine-se - preto. O normal, no MacDrive.
- Qualé o sê pidido?
O meu pedido? A quem, a Deus? É que varra do meu país pessoal como o que trabalha dentro deste lixo. E imagino todos os pretitos que lá trabalham, enterrados até ao pescoço, no alcatrão do parque de estacionamento, a olharem-me com ar assustado. Estão com medo de quê? Provavelmente disto. E desato a pontapear as cabeças escuras, sem dó nem piedade, como se o título de campeão nacional do Porto dependesse disso.
- Menu com Big Mac e Cola. Desconto de estudante.
- Disconto dijlá ná cáixa, ókê?
Eu se algum dia for à tua terra vou tentar fazer umas macacadas para falar na tua língua, mas cá, em Portugal, falas o que todos falamos, que é p-o-r-t-u-g-u-ê-s, de acordo?
Diz desconto na caixa registadora, é? Tem lá um autocolante com essa palavra? E imagino-o a abanar a cabeça, meio acéfalo, meio sem perceber a minha dúvida.
Chegado à caixa está... um branco. Nada mais óbvio, para se trabalhar na caixa é preciso fazer contas. Matemática = lugar não disponível a pretos. Pode fazer desconto para estudante? O seu colega lá atrás nem quis ouvir, remeteu-me logo para cá. Chupa aí, preto, aprende a falar.
Chegado à janela para receber, finalmente, o pedido, pode avistar-se o balcão de atendimento. Com uma olhadela rápida lá para dentro é facilmente reconhecido que quem quiser trabalhar no Mac só tem de ter uma qualidade (nota: a palavra qualidade, aqui, não tem forçosamente conotação positiva, digamos que poderia ser facilmente substituída pela palavra característica. Ou azar.), que é: ser preto. A não ser que queiram ir para gerente. Sim, porque em tantos anos que frequento o MacDonald's, nunca vi um gerente preto.
Ah, oh Rui, seu grande racista, então mas como é que tu sabes que o branco é o gerente?
Pá, ia ser quem? E nunca há mais de um branco, lá dentro, também.
Coisas a reflectir:
Insucesso escolar, falta de trabalho e todas essas amarguras típicas de quem está em início de carreira no mercado de trabalho são pontes para se acabar no MacDonalds. E ser preto, claro. Ah, maj nóij vir prá cá té ganhar dinheiro pára dar o salto. Salto? Bem sei que saltar já faz parte da vossa natureza, macaco, mas já saltavas era para a tua terra. Numa empresa minha não trabalhavas. Vocês gostam é de andar aí na kizombada, na cozinha, a encher os hamburgueres de cheiro a catinga e saírem daí sempre de Big Mac na mão, no fim da noite. Depois admiram-se de morrerem cedo. É por África ser um continente com muitas doenças, não é? Pois é.
Claro que depois me apaixono por pessoas que me perguntam se quando dou moedas para pagar algo - neste caso, aos pretos -, lhes toco na mão. O tanas que toco! Deixo sempre cair as moedas, de bem alto, para os moços não terem a tentação de sentir a minha pele suave. E fico doente quando tocam, mal chego a casa tomo banho e esfrego a mão com pedra pomes até fazer sangue. O meu sistema imunitário é mais forte que o de um crocodilo, mas mais vale prevenir que remediar.
Onde é que tinha ficado? Ah, na entrega do pedido. Veio o branco entregar o saquinho, o que achei reprovável, visto que se fosse eu o branco - ou seja, o rei, o cérebro, o deus (da merda) - não faria mais nada o dia todo, a não ser sentar-me numa cadeira bem confortável, a comer toda a espécie de porcaria que por lá se faz, com uma pistola de pressão de ar no colo, que ocasionalmente saltaria para as mãos para praticar tiro às escuras (foi gira, esta). Estilo Schindler's List. E gritaria ordens de incentivo, tipo Toca a trabalhar, preto! Se o próximo Big Mac demora mais de 30 segundos a ficar pronto, deixo de te atirar bananas para o chão e tocar o sino.
Onde é que tinha ficado? Ah, na entrega do pedido. Veio o branco entregar o saquinho - e quem diz branco, diz gerente - deseja bom apetite e um volte sempre, e despede-se com um sorriso. É gay, visto que sou um gajo, bem sei, mas não deixa de ser um atendimento à não-preto.

Já agora, atendimento à preto: estende um saco e uma bebida e não diz coisa nenhuma porque só sabe o dialecto tribal da terra dele. Revisto o saco, porque já sei que não se pode confiar naquela gente. Guardanapos? Ou não existem ou são transparentes. Olhe desculpe, podia dar-me guardanapos? É que não fui habituado a besuntar-me todo e a limpar-me ao corpo, tipo tu. Também tinha pedido molho de salsa para as batatas, mas parece-me que não está cá. Incrível - o facto de acontecer sempre. Peço desculpa, senhor. Eles são os primeiros a sentirem-se inferiores, quem é que no seu juízo perfeito me trata por senhor? Com banqueiros ou advogados - coisa que os pretos do Mac nunca serão (na vida inteira) - tudo bem, há sempre uma componente formal a respeitar, mas eles, tratarem um gajo de t-shirt e óculos de sol, do alto dos seus 22 anos, por senhor... só mesmo vindo de quem olha para um branco e lhe deseja a pele. Salvo seja. Salvo seja não, que eles têm uma pancada por nós. Eu, pancada por eles, só na cabeça - e de bastão, com muita força.

Lembrei-me, à custa de tudo isto, de um gajo do meu curso. Chama-se Júlio. Podem gozar com o nome que eu também gozo - não directamente, que ele mete medo.
Certo dia, a meio de uma conversa, deixou escapar que trabalhava. Perguntei onde, ao que ele responde: Mac. Não fiquei surpreso, admito. Aliás, surpreso estava antes, por pensar que ele não trabalhava lá.
É burro como uma porta (tem menos cadeiras feitas que eu, acho que é prova inequívoca), e - imagine-se - é preto. Ah, a cereja no cimo do bolo, o nome: Júlio... Quadé. São tão fofos com os nomes, eles.

O pior nome que já vi foi um indivíduo...
Porra, outra vez: O pior nome que já vi foi um preto, no Dolce Vita, com - inserir cara de *enfim* aqui - uma camisola do Porto, que quando se vira mostra a seguinte inscrição no espaço reservado ao nome: Ya Fortes. Sim, leram bem. Foda-se, Ya Fortes? Mas quê, os teus pais quando foram ao registo civil não souberam comunicar com o símio que os atendeu? Imaginei logo a cena:
- Átão méu, é pa registar outro puto? Tão à créscér bém, os outros 18? Déspácha isto rápido pá ir ali subir umas árvorês, qual é o nome?. - E come uma banana. O pai do Ya não percebeu dois terços do que ele disse, já meio vidrado na banana e na ideia de subir árvores, ficando-se pela compreensão da segunda pergunta, à qual respondeu:
- Ya, fortes!
E celebraram o registo com pancadas no peito e gritos desenfreados.

Que nome tão fixe, Ya. Deve ter sido fácil para ele arranjar problemas na noite, por cá.
Como é que te chamas? Ya. Ya o quê? Ya Fortes. Preto do caralho, 'tás a gozar comigo?



Pronto, já expeli tudo. Acho que depois de tanta energia descarregada o meu estudo vai crescer exponencialmente. Obrigado a quem me atura.


Júlio, espero que nunca tenhas conhecimento do meu blog, grande abraço, és o maior! Tanso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quoted

A Alexandra Lencastre tem aquele bronze desde a Idade da Pedra e o Jorge Palma tem aquela pedra desde a Idade do Bronze.

Tirado daqui.

Muros de Gesso

Pousei o livro que lia faz tempo e olhei a paisagem, da minha varanda. Um dia trago-te cá, mas só à noite, que é mais bonito. Pode ser no dia em te veja, outra vez. Dia em que decidires pôr fim ás ruínas que deixaste para trás, daquela vez em que me disseste adeus. Mal sabia eu que era a última. Mal sabia eu que aqueles textos do Júlio Machado Vaz, que li quando era novo, a divagar sobre o que custava um adeus, não eram filosofias baratas, afinal. Uma vez - só uma - perguntei por ti. Disseram-me que te tinhas casado. Tive pena do sortudo. Aturar uma vida de pesadelo e martírio. Que inveja a minha. Duas vezes - só duas - perguntei-me se perguntarias por mim. Da primeira jurei nunca mais perguntar, da segunda também. Veremos o que acontecerá na terceira.
Dá-me vontade de pegar outra vez no livro e lê-lo até ter tanto sono que tenha de repetir quatro vezes o mesmo parágrafo para que faça sentido. Pode ser que pelo meio te encontre, numa frase tua, ou minha. Ás vezes penso que só leio para isso mesmo - te encontrar. Classifico os autores como bons ou maus consoante falem mais ou menos em ti, respectivamente.
Ainda me lembro como os teus cabelos abanaram, pela última vez, e me partiram o peito sem que eu soubesse. Ainda tenho a marca, sabias? Para lembrar(-te). Tenho pena é que apesar disso, como dizem os nossos Linda Martini, sei que não te vou negar a visita ás (tais) ruínas que deixaste em mim.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Amo-te e essas cenas

É difícil dizer amo-te porque há mais pessoas feias que bonitas. Se toda gente fosse bonita passava a vida dizê-lo. A probabilidade de uma pessoa crescer e ser feio é enorme. Não é por acaso que quando vamos a algum lado engraçamos - se engraçarmos - com (apenas) uma ou duas pessoas, o resto é feio. Ser bonito é parte fulcral do sucesso amoroso, e se o formos até podemos ser os maiores montes de merda no que toca à mentalidade, haverá sempre mentalidades piores para nos aturar.
Reflecti sobre isto quando, à dias, fui ás finanças tratar de uns assuntos. Como é natural em todos os serviços públicos, a feiosidade é raínha e o salário mínimo rei. Gosto de estar em sítios desses para me sentir bonito, é por isso que quando ficar velho quero que me ponham num lar cheio de velhos com doenças terminais que ataquem o aspecto físico - não contagiosas, claro.
Não deixo de pensar, no entanto, que se a grande maioria está condenada a ser feio, grande parte dessa maioria acaba casada. Grande parte dessa maioria, também, com alguém tão ou mais feio que ela. A minha justificação para isso é fácil: há ressabiados para tudo.
Caso não saibam em que categoria de beleza se encontram, descobri um medidor que talvez vos possa ajudar. Dirijam-se ao quarto de banho mais próximo e irão encontrar - provavelmente - um objecto rectangular por cima do lavatório. Tal objecto mostrar-vos-á uma imagem de uma pessoa. Identifiquem-na como bonita ou feia. Memorizem o resultado do teste... et voilá, vocês serão exactamente isso. Caso repitam o teste em dias diferentes poderão observar ligeiras mudanças no resultado, mas não se assustem, já descobri que isso se deve a um gajo cujo nome é Ego, que tem uma variância esporádica de estatura - adoro a palavra esporádica, tem um lado sexual que não sei de onde vem... -, se fosse um animal teria de ser parente do camaleão (camaleão, que por sua vez pode também ter conotação sexual: cama/leão). Caso queiram uma segunda opinião, podem sempre pedi-la a outra pessoa. Se se quiserem sentir bonitos é uma questão de a pedir a alguém feio. Em alguns casos é melhor pedirem a alguém mesmo muito feio. Como um gajo que vi hoje, num bar, que me dava pelo joelho. Quase que tropecei nele. Nem anão era, parecia um pinguim. Pinguim bebé. E feio. Mas esse, por muito bonito que fosse, via-se grego para subir o ego. Pelo menos se fosse pedir a tal segunda opinião a alguém como eu.

Ás vezes sim, às vezes não.

Tremeu quando a viu. Não sabia o que era, só se sentia a tremer. Perguntou-se porquê, vezes sem conta, e não passou da retórica. Esquece isso, deixa correr. E correu. Correu até lhe doerem as plantas dos pés. Cansado, sentou-se na beira da estrada, a contar os carros que passavam. Eram tantos que se perdeu em pouco tempo - perdeu-se em devaneios sobre o que já tinha vivido, até então. Reviveu momentos e pessoas, riu, chorou, corou.
Nunca se sentia inseguro na vida, mas naquele dia, estava-o.
Pegou-lhe pela mão, com três dedos, e caminhou à sua frente, guiando-a a lugar nenhum. Queria caminhar, sozinho e com ela, ao mesmo tempo. Gostava de ver a estrada sem restrições, mas não se via a abdicar de a ter por perto, para se sentir seguro. Engraçado, dizia, é tanto o terror de te ter, como de te perder. E neste impasse viajava, dias seguidos, à espera de nada - e de tudo. Ficava feliz com o que a vida lhe reservava, independentemente do que fosse. Sempre foi assim, sempre será. Será? - questionava-se. Hoje pôs tudo em causa, até a si próprio. Aquele tremer foi diferente. Foi um clique, não foi arrepio, daqueles que lhe dava quando passava uma brisa fresca.
Dá-me um abraço, pediu-lhe, dá-mo antes que não o queira. E quando o abraçou, já ele não o queria, e quando o largou, já ele o desejava. Vivia de sentimentos dicotómicos - ou os sentia, ou não. Quis gostar de si próprio, nem nisso conseguiu consenso. Não sabia se era bom ou mau, ser como era. Acabou por decidir que sim, que gostava de si - complicado como era. E se ele conseguia gostar, não deveria ser difícil a outro alguém o fazer. Não tinham de ser iguais para as coisas irem correndo. Ás vezes sim, ás vezes não.

Olá!

Fuck it, está de volta a actividade. Disse que era por tempo indefinido - e era suposto ser por muito mais tempo - mas gosto demasiado disto para o colocar de parte. Obrigado ás palavras de incentivo a continuar, se por um lado me enchem de orgulho, por outro até tenho vergonha de voltar tão cedo sob pena disto ter passado por um esquema para subir o ego. Ok, admito, foi. Agora estou melhor. Uh.
Posso ir publicando de vez em quando os textitos que guardei por cá enquanto me ausentei? Só alguns, então, pode ser? Ok, obrigado.

Beijinhos(,) fofos.

sábado, 13 de junho de 2009

Foge Foge Bandido

Para resistir à postagem no blog, recorro a técnicas de inibição da escrita: ouvir o Manel Cruz.
Caso vos interesse, duas recomendadas, especialmente: Diz-me se aprovas e Canção da canção triste.

Um álbum cheio de coisas para ouvir e (des)aprender a escrever. Tão bom.




Ah, bom estudo (e boa sorte, que também é preciso) a quem está a entrar na época de exames. E para quem vai para salas de estudo com vista para esplanadas... controlem-se, daqui a nada estão lá vocês também. Ouviste? Ouvi, cala-te.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Para ouvir

...à chuva. Sabe bem.



terça-feira, 2 de junho de 2009

Segredos do Orgasmo

Li o seguinte:
Jonathan Margolis chega mesmo a considerar que "o orgasmo feminino é uma experiência infinitamente maior e mais expansiva do que a sensação que os homens têm quando ejaculam". O autor diz que neles a experiência se resume, descontando o aspecto emocional, "a algo semelhante ao alívio da micção de uma bexiga a transbordar, de um espirro ou de um movimento intestinal".

Oh Jonathan, seu ganda maluco, fala por ti. Sabe-me muito bem fazer o meu xixi, espirrar e dar uns peidinhos de 12 segundos e 4 oitavas, mas gosto muito mais de um bom alívio de testosterona. De preferência acompanhado - isto a aliviar testosterona, claro, nas outras situações não sou propriamente fã de actividades colectivas.
O artigo está bem conseguido, na minha opinião. Fundamentado com estudos estatísticos e opiniões de profissionais - quem sou eu para contra argumentar?. Caso queiram, está tudo aqui.

P.S.: Dêm uma risada com a parte em que mencionam a picada do Bob Geldof ao Sting.