segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Old School

Os gajos de traje ficam todos bons. Isso é ponto assente. Quando uma pessoa os vê de roupa normal é que vê se eles realmente prestam ou não. Tu não deixas mesmo nada a desejar! Pois não. De dia era diferente. Era. És o melhor gajo de Coimbra! Só de Coimbra? Do mundo! 'Tá melhor. Mesmo assim já houve melhor. Onde vais agora? Dançar contigo. Vais? Então vamos. E fomos. E já estou a ver as minhas amigas todas roídas p'ra te conhecer. Mas eu não deixo. Ficas aqui comigo. São bonitas? São. Não eram. Mas podiam ser. Pena. De qualquer maneira, esta é a Andreia. Esta a Joana. Esta a Inês. Muito giras. Cof. Vamos ficar aqui a fazer de conta que elas são fixes muito tempo? Não ficamos. Nem nos ficamos. Acaba a música? Desde quando? Fazemos nós. Não posso beber muito senão raptavas-me e aproveitavas-te de mim em tua casa. Querias. Queríamos? Podes sempre fingir e fazemos as coisas na mesma. E ria-se. Já tinha bebido o suficiente para ser raptada. Rapto? Estou de rastos. Também. Vamos ser ombros amigos. Já somos. Canta Red Hot. As minhas amigas também cantam. Chamam-lhe cantar red hot por estes lados? Se chamarem, alinho. A música já parou à um pedaço. Já temos de ir? Ficamos cá para amanhã. Mi casa, su casa? Querias. Bastante. És um gajo do caralho.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sim ao não, não ao sim. E vice versa. Hmm.

Eu já sabia. O pressuposto - adoro esta palavra - de se saber algo só pode estar relacionado com duas componentes: factos ou intuição. Gosto dos dois. Conjugados ainda melhor. Conjuguei-os no dia em que te conheci, visto que a intuição que desenvolvi na minha cabeça era de que viraríamos facto. Soube no momento em que te disse olá, naquela viela mal frequentada e no momento em que te disse adeus, no mesmo dia, com saliva tua digerida, perto dos bancos do mercado. Chamaste-me lírico e eu ri-me. Disse-te que ainda haveria de casar contigo e riste-te ainda mais que eu. Um dia vamos mesmo casar, e vou para o altar com um papel amarrotado no bolso, abri-lo-ei depois de dizer o sim e mostrar-te-ei a palavra lírico, em maiúsculas. Cross my heart. Quando te vi não consegui dizer não, aguentas todos os sim que guardei nas gavetas? Aviso, desde já, que são seis - as gavetas. E bem grandes. Cobra-me, gasto um sim para te confessar que sou teu. Gasta um teu para dizeres que me aguentas. Olá, o meu nome é Rui e vim de longe para te encontrar, queres gastar uma vida comigo? Ou duas, se tiveres tempo. Diz que sim e sê feliz por pouco tempo. Pouco tempo? Lembra-te, contigo a vida passa a correr, estou pronto para a aproveitar.

A long long time ago

Doíam-me as pálpebras do tempo que levavam encolhidas. Abri o livro enorme que pairava na mesinha de cabeceira, sem medo e confiante. As páginas foram ficando turvas à medida que as folheava, comecei a reler parágrafos que ficavam perdidos a meio. Não tardou para que cedesse a saltar palavras, frases e parágrafos. Perder-me na pontuação e na gramática e acabar confuso com os recursos estilísticos. Não tentava dissecar as verdadeiras mensagens por trás de um simples monólogo. Deixava-me ir, sem forças para mais. Na última página, na última palavra, baixei os braços e deixei que o livro me escorregasse, lentamente, das mãos. Sem absorver metade da mensagem, tinha a história presa na cabeça. Era tão complexa que mais parecia ter acabado de ler uma obra filosófica. Mas não, era simples e delicada. Longa, dramática e extenuante. Fechei os olhos e vi o texto numa tela gigante, a cores. As palavras deram lugar a vozes e a imaginação passou a ser real. Peguei em mim e fugi. Guardei-me no quarto, fechei-me a sete chaves e parti três apoios do tecto. Desabou. Deixei que fosse caindo, peça por peça, castigando-me aleatoriamente. As feridas jorraram sangue que me escorria face abaixo. Não me cobri, não me escondi, não fugi. Deixei-me ficar, enquanto sentia todo o betão a ceder, vagarosamente. Senti um braço, pequeno, puxar-me. Anda, fica aqui ao lado, vais ver que acalma. E acalmou, como por magia. Desinfectou-me com álcool e coseu-me as feridas. As cicatrizes ficarão para sempre. Só para me recordar que já lá estavam antes. Descansa, foi uma noite difícil, és profissional nisso, lembras-te?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Carlos Cruz, por exemplo

Há dias em que acredito quando me dizem que podia ter qualquer coisa no mundo, outros em que acredito no contrário - embora isso nunca o digam (mera questão de respeito, presumo). Que seja a teoria do falhado, mas por muita boa aparência e background económico - chamemos-lhe assim - que um gajo tenha, as coisas não caem do céu. E a palavra coisas pode facilmente ser substituída por termos menos correctos que não se coadunam com a elite linguística por que sempre primou este blog.
Foda-se, vocês bem sabem que eu acho que os feios estão desgraçados, mas quem não articula um verbo e um substantivo está perto disso - de ser feio, entenda-se. Está menos mal, mas está perto.
Jesus descia à Terra e fazia-me optar entre ser bonito, podre de rico e burro, ou com um QI à Einstein com... vá lá, a aparência do mesmo, para abreviar a descrição. Eu quero bem que se fodam os avanços na física quântica, o que não faltam são batas brancas a descobrir o que me levaria uma vida a investigar. Muito mais interessante seria ir tomar o pequeno almoço ao Dubai e ir cagá-lo à Polinésia Francesa. Na mesma manhã. E enganar-me no quarto de banho e ir parar à cozinha, visto que seria burro, encontrar três empregadas soviéticas ex-modelos - as ex-modelos têm qualquer coisa, não sei - prontas a expulsar-me e acabar a comprá-las como escravas sexuais. E durante o acto cagar o resto do pequeno almoço e o mojito que tinha enfardado a seguir - note-se que o enfardado advém da linguagem rude que deveria ter, como burro que era (e dizem vocês: mas quem tem linguagem rude não tem necessariamente de ser burro. Tem tem, foda-se. Não basta sê-lo, é preciso parecê-lo. Quando um gajo vê um imbecil a dizer, por exemplo, disseste-zia, não deduz que ele trabalhe num laboratório de investigação da NASA. A não ser que faça a limpeza das casas de banho. Fim de parêntesis.), na poltrona branca da suite virada para um paraíso qualquer, por mera confusão com uma sanita. Era provável que soltasse um riso desprovido de inteligência e elas ficassem a olhar para mim. E depois continuavam o que estavam a fazer, com mais três notas de quinhentos euros entaladas num sítio qualquer, só para não fazerem caso.
Ou isto ou passar os dias na minha cadeirinha, com os meus livrinhos e tubos de ensaio, a realizar experiências para tentar livrar o mundo da sida (ou dos cães), com os meus amiguinhos investigadores - note-se, homens, sempre rodeado de homens, porque os inteligentes vêm-se gregos com as mulheres, logo, juntam-se e formam os clubes de leitura e essas merdas - e de repente um de nós saltar de alegria e desatar a dizer eureka para a frente e para trás, como o ídolo Einstein, e vai a ver-se e descobriu-se... uma possibilidade de atenuante para o vírus duma doença que não interessa a ninguém. A notícia nem sequer chega a passar em rodapé no jornal da noite (já as que passam... 98% da audiência ignora, imagine-se as que não passam), mas ganhamos o dia, festejando com uma actualização do twitter a contar o sucedido, cujos seguidores (ainda mais bichos-do-mato que nós) nos dão os parabéns. É a loucura.
Importante: qual é o ponto de tudo isto? Eu, se fosse gaja, preferia ter um filho dum gajo bonito e burro, a um inteligente e feio.
Primeiro, porque - não sei se estão familiarizados com o conceito de filho, conjugação de adn, hereditariedade e afins - os putos tendem a ser uma mistura dos pais (e avós e tios e primos e por vezes do carteiro), logo, se vocês, gajas, forem inteligentes, escolhem o gajo bonito e burro e rezam para que haja possibilidade de ele ser bonito - do pai - e inteligente - da mãe. Senão, partindo do princípio que querem engravidar do Einstein, ele sairá feio com toda a certeza (nenhuma gaja gira quer foder o Einstein) e poderá haver a possibilidade de sair burro. Imaginem a dor.
Ou então nasce preto e ainda acabam a levar porrada do suposto pai por ter assim descoberto aquela noite de copos passada na Amadora. Histórias.
Resumindo, o meu conselho é... querem pinar, pinem os giros. Querem casar... casem com os giros na mesma. Se for com um rico e burro façam-no em comunhão de bens. E mesmo que os putos saiam mesmo burros, caguem nisso, quem quer putos por perto quando se pode tomar o pequeno almoço no Dubai e ir cagá-lo à Polinésia Francesa?