quinta-feira, 15 de maio de 2008

A humildade é isto!

A minha produção de textos é proporcional à minha liberdade relacional. Quanto mais preso me sinto, menos inspirado fico. Por isso já sabem a razão de ás vezes vos poder parecer algo gordito, é por andar... inspirado. (Vou fazer um parágrafo porque isto foi catastrófico)
Tenho uma paixão platónica por uma pessoa que vejo todos os dias, tenho uma relação possessiva com ela. Vejo-a no meu quarto, no carro, na casa de banho da faculdade, e... bem, basicamente, vejo-a em todos os lugares onde houverem espelhos. A sério, ás vezes tento por-me no lugar das pessoas que não são bonitas. Deve ser complicado arranjar motivação quando o despertador toca. Porra, lá vou eu ter de me ver ao espelho outra vez... Por isso é que acordo sempre bem disposto. Mal chega a horinha, salto da cama num segundo e lá vou eu para a casa de banho. Porque olhar para nós faz bem. Chegar atrasado a um compromisso por ter estado tempo a mais em frente a um espelho, para mim, não tem mal nenhum. Desde que sejamos bonitos. Atenção que utilizei o verbo ser, não o sentir. O sentir-se bonito não obriga ao ser-se bonito. Aliás, detesto aquele tipo de pessoas que se acha mais bonita do que o que realmente é! - Ironia chamada à recepção. Sempre com aquela teoria do Ai (há sempre um "ai" antes de qualquer frase imbecil), eu acho-me bonita por isso o resto não me interessa!, belos nervos que isso provoca. Podes achar-te bonita à vontade, o que eu acho é que as tuas lentes não estão suficientemente graduadas. O ideal é sentir e ser, mas há pouca gente que o consegue fazer. Relaxem, o mercado de trabalho tem a solução: um horário chorudo para poderem poupar para o grande objectivo de vida de metade da população mundial... a cirurgia estética. Fazem-se milagres por lá. Pena que há gente em que com milagres lá vão. Eu tenho noção das coisas, e enquanto o espelho continuar a mostrar um rapaz esbelto do outro lado vou sempre sair de casa a sorrir, é sinal de que ainda... não morri. A minha beleza lembrou-se de dar a mão ao meu ego e escreveram um texto. Eu cliquei no "Postar". Depois olhei para o lado, onde tenho um espelho, e sorri. Há gente mesmo bonita.

Queima

A minha ausência do blog resume-se, sobretudo, a esse fenómeno denominado Queima das Fitas. Dediquei-me ao estudo deste acontecimento durante a sua duração, o que se traduz numa proveitosa recolha de provas de que somos, sem sombra de dúvida, ainda mais estúpidos nesta altura do que no resto do ano. E perguntam vocês, com cara de desconfiança... Então Rui, ser de magníficos atributos físicos e possuidor de tal virilidade capaz de ser suspeito de ter provocado o último devastador sismo na China (isto é boato, não fui eu), mas porquê? Hmm, eu respondo-vos porquê. A Queima é como uma discoteca, mas em vez de durar uma noite, dura uma semana - e tem muito pessoal trajado. Ou seja, anda tudo à procura do mesmo e tudo com uns copos a mais. Todos os dias. É por estas alturas em que cumprimentamos o maior número de pessoas na vida. Conhecemos toda a gente. E quando digo toda é mesmo toda. Andei abraçado a pessoal na Queima pelo qual já passei à uns dias e nem um acenar se deu. Tudo normal. Paga-se tudo a toda a gente, bebe-se tudo de toda a gente, recebemos o dobro das bebidas que compramos, estoiramos a voz, o fígado, o estômago... e com sorte (ou azar) alguém que se atravesse pelo caminho. Os dias são passados à espera dos jantares, os jantares à espera da embriaguez, a embriaguez à espera de quem nos dê trela. E no fim tudo vai dar ao mesmo sítio, à cama. Seja para aterrar, seja para outras coisas. Por falar em outras coisas, porque raio é que de tanta pessoa que deseja ardentemente uma noite de amor comigo - baseio-me apenas e só na sondagem que por aqui paira - apenas... hmm... nenhuma (!) o veio confessar na devida altura? Leia-se, Queima, como é óbvio! Não desesperem, a época de exames ainda vai longe, até lá há tempo para acertarmos horários. Se não quiserem dar muita bandeira podemos combinar um gesto secreto. Sei lá, se passarem por mim... desviem o olhar, pode ser? Combinado. Ah, tenho de partilhar convosco algo que presenciei no recinto. Atrás da última tenda, estava um casal a... fazer o amor. O amor! Em pleno recinto da Queima. Achei lindo. Quis ir lá dar os parabéns pelo quadro que estavam a pintar, mas alguém me agarrou. Já não há sensibilidade.

Cartas 100 destino

Este texto é para ti. Só para ti. Podia deixar uma folha em branco e dizer que era isso que te queria dedicar. Depois enchia-a de beijos e perfume e entregava-ta, na esperança que conseguisses interpretar o que os olhos te esconderiam numa primeira apreciação. Não era um adeus que te queria dar, era um fica comigo para sempre, que eu tenho medo do amanhã. E tenho! Se o meu amanhã não rimar contigo ao meu lado prefiro não sair do escuro o resto da vida. És tu quem dá cor aos meus objectos. Uma eternidade de preto e branco nunca me irá seduzir. Vem comigo e trás o arco-íris, esse que pintámos um dia nas plantações de café. Aquele cheiro ainda está na minha t-shirt azul, mesmo depois de lavada vezes sem conta. Quando me perguntam por ti digo-lhes que desapareceste. Desapareceste da mediocridade mal te vi. E desde aí que não abdico do facto de não abdicares desse dom, de te impores em mim como ninguém o fará. Curvo-me para ti onde o mundo se curvaria perante mim. Ofereço-to. É pouco, eu sei, mas tentar rivalizar com o que me dás, todos os dias, é, no mínimo, uma tarefa hercúlea. Deito-me sempre a olhar para o lado direito, mas só consigo adormecer quando me viro para o esquerdo. Só aí te consigo ver, ao meu lado, de olhos fechados, qual anjo adormecido. São momentos em que se nos fosse pedido uma imagem com a qual tivéssemos de viver para sempre, enclausurada na mente... a resposta seria imediata. Não deixes nunca que esse teu brilho se apague. A minha mão ainda dorme por baixo da tua, não te esqueças que prometi nunca a deixar cair. E eu ainda sou daqueles que cumpre promessas. Por ti.