sábado, 29 de dezembro de 2007

Des(p)ejos mentais.

Há dias em que quero dizer tanta coisa que nem consigo articular frases com nexo de tanta vontade que jorro por segundo. Há dias em que me apetece telefonar a alguém e passar uma hora a dizer estupidezes que não lembram a ninguém, outros em que o refúgio do silêncio se torna mais sagrado que um templo e outros até em que a varanda implora que vá lá gritar um amo-te para toda a cidade ouvir. Há outros dias, raros, em que faço uma ou outra coisa dessas. Hoje não. Hoje não tive vontade absolutamente nenhuma. Não me apeteceu companhia, não me apeteceu ver gente e muito menos me apeteceu gramar mensagens sobre coisas que não interessam ao diabo. No entanto, hoje, tive disso tudo. Fui ver, estava sol. Visto uma camisa, saio de casa, começa a chover. Foi mais ou menos assim. É planear ir a uma discoteca e afinal ir parar a uma aula de yoga. (Há momentos em que perco o sentido do texto e me deixo apenas e só a dizer... vá lá, merda. Este foi um deles.) Um dia - sou tão utópico com isto do um dia -, um dia vou conseguir perceber o porquê de me sentir tão estúpido em certos dias. Em tempos decidi que a solução era arranjar companhia para esses dias. Depois constatei que estava errado. A companhia é um bicho difícil de entender. Arranjar uma boa companhia é uma tarefa árdua. Pelo menos para mim. Tenho amigos que, desde que a companhia tenha o que nós, pessoas educadas, civilizadamente chamamos... pipi, é uma óptima companhia. Como é óbvio, agora tenho de bancar o papel de pessoa íntegra e referir os prós e os contras de nos focarmos apenas e só no sexo quando nos queremos abstrair de alguma coisa. Mas não me apetece. Vou antes fazer de conta que sou meio tarado (que não sou - sou completamente) e aplaudir de pé quem desvasta essa savana que é a caça pela alma gémea do sexo - que geralmente está ao alcance de 30 euros na berma da estrada - e invejar a satisfação com que alguns hão de chegar a casa. Não, isto foi exagerado. Mas numa coisa tenho de dar a mão à palmatória, conseguir recolher a sida e o alfabeto das hepatites numa noite é obra. E fazê-lo e chegar a casa com um sorriso na cara é de homem. Homem acabado.


Pequena nota em rodapé: folgo em saber que 3 pessoas me consideram a pessoa da vida delas. Desde já um beijo cibernáutico (deduzindo que é tudo do sexo feminino!). O resto depois ah e tal combina-se, não desanimem, o futuro espera por nós!

Segunda pequena nota em rodapé: Boas entradas a todos... que visitam o blog, como é óbvio.



E agora à presidente da junta: Prometo grandes mudanças para 2008.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Straight up

Então e tu, andas bem? Ando com falta de ti, mas cá vou andando. Também me dá disso, às vezes, mas deixo passar a onda e fica tudo bem. Vamos passar este paleio todo e vamos sair daqui. Hum? Tu queres-me, eu quero-te, podemos continuar aqui a desperdiçar minutos preciosos ou podemos ir para um sítio mais privado e falar depois. Eu vou ali para dentro fazer de conta que não disseste nada, se entretanto quiseres ter uma conversa normal sabes onde me encontrar. Bem, ao menos tentei. Desistes assim tão facilmente?

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Boas Festas

Com o intuito de poupar uns euros em mensagens, aqui vão os meus votos de bom natal para e só para quem cá passa. Sou invejoso, só quero o melhor para quem me lê. Beijinhos e abraços.

Atenciosamente,
a gerência.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Nomes

Os nomes têm uma magia quase imperceptível. A forma como cada um chama a outra pessoa tem sempre uma entoação que marca o grau de sentimento que nutre. Foi sentir o frio de uma lâmina de uma faca a entrar por um orgão vital dentro. Foi mais ou menos isso o que aconteceu quando na tua lista escreveste Rui Nuno. Nessa altura olhei para mim, com aquele olhar de quem vai dar más notícias, e declarei solenemente... Mais uma vez te enganaste. Se não me tivesse enganado, como a minha consciência impiedosa me faz questão de lembrar, para ti eu seria sempre o Rui. O facto de teres de especificar com o Nuno só alerta o facto de poder haver outro Rui que, eventualmente, te confundirá na hora de saber quem é quem. Se não me tivesse enganado, Rui, na tua vida, haveria apenas um. Depois haveriam os Rui Pedro, Rui Miguel, José Rui e todas as combinações lembráveis com o nome Rui. Mas Rui, com as três letras isoladas, haveria apenas um. O teu continua ímpar, talvez à espera de alguém com quem rivalizar. O segredo dessa resistência nunca saberei se estará na minha relutância em tirar-te do trono ou na raridade do teu nome. Hmm, talvez mais a primeira. Quando me apaixonar por uma Maria ou por uma Ana tiro as dúvidas.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Betray

Após longa reflexão, lá me decidi a pegar nos extensos dados estatísticos providenciados por vocês na minha poll e fazer algum uso deles.
Gostei das quatro pessoas que disseram que foi uma coisinha sem importância. É bonito. Embora logo após ter colocado essa hipótese tenha reconhecido que é um pouco ambígua para se cingir a uma única opção. Porque o que para uns não tem importância para outros é um escândalo de pregar na cruz. Eu sou bastante liberal nestes assuntos, um beijo sem querer não é absolutamente traição nenhuma, bem pelo contrário, é um teste, só para nos certificarmos que o que temos é melhor que o que acabamos de beijar, repito, sem querer. Vá, não me julguem, eu nunca traí ninguém - também nunca namorei, mas isso não interessa ao caso. Se por deficiência mental considerarmos que ter um caso com alguém e ter outro em simultâneo, por mais pequeno que seja, seja traição... obviamente - tal como metade da população mundial - já traí.
Quem é que se mantém fiel a uma relação de circunstância? Oh, já sei, os que se iludem que as ditas possam evoluir para algo maior e melhor. Que, sei lá, talvez dali vá surgir a tal pessoa. Hmm, eu não sei, mas se a tal pessoa realmente existe, ela não vos vai andar a foder e a mandar passear quando bem lhe apetece. Isto sou eu a especular.
Não sou apologista do namorar por namorar nem do não namorar. Há que achar um meio termo. Geralmente difícil de encontrar quando levamos com um par bem levado - reacção normal: gajas (ou gajos) são putas (ou filhos das ditas, no caso delas). E toca a tentar encontrar alguém para nos vingarmos. É uma reacção engraçada, não digo que não. Quem gosta de saber disso costuma ser aquele vosso ombro amigo que está lá sempre para vos amparar quando precisam. Preciso de ajuda, vamos ao meu quarto. Feito. Estou melhor. Foda-se, agora também sou puta, merda. Três palavrões numa frase, sinal que a raiva é capaz de ser grande. E uma ponta de arrependimento. E outra de satisfação.
Trair, diga-se o que se disser, sabe bem. Se não soubesse ninguém traía. Dá uma adrenalina doida dar uma por fora. É aquela coisa de lutar contra o conhecimento do mundo para que ninguém saiba que somos cabrões. E quem disser que não... das duas uma, ou está com a/o acompanhante ao lado ou está tão tão tão vidrada no amor que paira no coração que não consegue sequer pensar em traições. Ou lembrar-se da última vez que a praticou.
O essencial a reter é que trair está de tal forma banalizado que já há quem defenda o acto. Pronto, estou a exagerar, tal como estava de certa forma a brincar quando afirmava que era um mal necessário para avaliar a qualidade. Mas a verdade é que ficamos muito mais conscientes do que temos depois de uma traição, isso é inegável. E se a traição é tão boa de se realizar (os efeitos secundários - leia-se consequências - já cada um sabe de si) e se de certa forma até faz bem, será a luta inglória entre o manter na linha e o cruzá-la? Sempre achei que sim, mas também sempre esperei por alguém que me fizesse acreditar no contrário.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Silence

Deu isto.

Am I too good for you, am I just paranoid?
Should I get clinical, should I speak louder?
Maybe I should close my eyes for years
And wait for the strongest feeling
Out of all of the feelings
to raise
from
you.


E às vezes ponho-me a pensar se a cabeça que pensou isto poderá estar, eventualmente, no caminho certo. Se fossemos todos assim lá se iam as curtes de uma noite, os amores de verão (sempre gostei dos amores verão, é mais uma daquelas coisas que só acontecem aos outros), os amigos coloridos (leia-se, fuck friends em versão adolescente - acho que fica mais fofinho à vista) e todos os outros condimentos que fazem com que tenhamos medo de envelhecer e entregar o nosso instrumento de amor usado (e desgastado) a alguém em definitivo. Ah, como é bom ter dúvidas. Nunca saber se podia ter sido aquela a mulher da minha vida ou se a curte foi algo a mais. Não saber de maneira nenhuma se aquele sorriso, naquela noite, era um sim ou um está a ficar tarde. Enfim, enfim, por vezes sinto que é injusto não sabermos o que os outros pensam. Estar com alguém e não conseguir encontrar uma forma de chegar ao ponto em que os dois assumem que querem é sair dali e ir a uma esquina qualquer trocar fluídos. É pior que ter chocolate com avelãs à frente e não conseguir abrir a embalagem. Quer dizer... comer chocolate engorda, trocar fluídos é tão ou mais eficaz que umas corridas no parque ao domingo de manhã (Pergunto-me ao que equivalerá correr no parque ao domingo de manhã enquanto se trocam fluídos. Deve ser, sei lá, o expoente máximo da actividade física.). Vou continuar a ouvir Silence 4, hoje quero ir dormir com espírito de quem vê luz ao fundo do túnel num futuro utópico. Amanhã logo se vê.

Visões

Viro paneleiro no momento em que vejo gajos que exibem orgulhosamente a sua bonita namorada quando esta é algo que se assemelhe a, va lá, o mesmo que é expelido do meu organismo quando como em demasia. Apetece parar de pactuar com esta mecância gajo/gaja. A sério, se é para chegar a estes níveis mais vale refugiarmo-nos no celibato e vivermos as nossas vidinhas. Note-se que celibato é apenas um eufemismo para rabetice. Qual é o grande facto em comum entre o celibato e a paneleirice? Não se fodem gajas. Adiante, tudo bem que o amor tudo cura e tudo melhora, mas foda-se, será que ficamos assim tão cegos? Uma coisa é apanhar uma borracheira descomunal e acordar com o nosso amor, ... da noite anterior, ao lado. Outra é acordar todos os dias. A borracheira passa, a estupidez é eterna. Não ponham em questão o facto de eu apoiar ou não o amor entre pessoas feias... não ponham porque o abomino por completo. Parágrafo, que vem um anúncio importante.
Olha-me este caralho armado em bonitão. Convém esclarecer, antes de mais, que para ser feio não é preciso, somente, não ser bonito. Eu não sou bonito, mas também não sou feio. Vocês não são bonitos (se fossem não estavam a ler isto, estavam entretidos com alguém bastante rico num sítio chique qualquer), mas não se consideram feios. Embora se vos visse a todos era capaz de escolher um ou outro para colocar o rótulo. Minimizado o campo de insulto, continuemos...
...Talvez noutro dia, que vai ali um casal que retrata o meu ódio na perfeição, estou a ficar nauseado.

Burn baby burn

Começo a percorrer com o olhar a tua gola decotada amarela e preta e já a prever como me vou sentir no fim. A tua pele chama-me sem que dês conta enquanto que todos os meus poros gritam desejo com a maior força possível. Sinto a epiderme cansada só de olhar para ti. Se saltasse uma palavra sorteada do meu vocabulário era quero-te. Sem dúvidas nem reticências. Tenho uma fixação pela pele. Olho, colo, desejo, devaneio, volto e ganho vergonha na cara. Acho sempre que a pele foi feita para ser tocada, a toda a hora. E a tua estava a pedir a dose diária recomendada. Já para não falar da minha. Se despir com o olhar fosse possível já estarias nua quando me disseste olá. Um olá para ti, outro à pele, outro ao desejo. Ahh, engraçado como dá para ficarmos apanhados da noite para o dia. Apanhados pela súbita vontade de agarrar em alguém e maltratá-la docilmente. Como quem possui no amor. Incrível, que injusto, isto é como estar a ver um filme pornográfico enquanto se tenta manter uma conversação racional ao telemóvel. Tantos sentidos a trabalhar, imagina o esforço que faço só para falar contigo! E o pior de tudo é ver um lábio em forma de asterisco vir na minha direcção e não saber se me vai acertar nos cardinais ou se me põe um ponto final definitivo. Sou entregue à sorte, não acredito no destino, mas gosto de acreditar que as coisas boas virão, inevitavelmente, de qualquer jeito. Ou seja, acredito que ser um pastelão de primeira possa trazer os seus dividendos, mais século menos século. Dizes-me adeus hoje e matas tudo o que semeaste durante horas. Vê lá como te despedes, brincar com o fogo pode queimar... E eu de bombeiro tenho pouco.