terça-feira, 19 de junho de 2007

Pratal

Se pudesse voltar atrás não hesitaria em fazê-lo. Só para poder fazer tudo outra vez. Já sei que deu merda. Fizemos merda. Da grande. E ainda havemos de fazer muita, se nos cruzarmos algum dia. Eu gostava. Mudava uma ou outra coisa. Pouquinho, para saber bem na mesma. Mudar... mudar é complicado. A ti não ia mudar, isso é certo. É por isso que gosto de ti. Tu não mudas. Nunca mudas. Vais estar já no lar e ainda vais andar à procura das barbies que perdeste no quinto aniversário. Aprendi isso com o (pouco) tempo que conseguimos angariar. E tu aprendeste o mesmo. A bem ou a mal. Levávamos a nossa à força, a maioria das vezes. Mas era assim que entrava. Entendíamo-nos. Embora fossemos completamente diferentes. E nem sequer éramos daqueles dos quais dizem que se completam. Mas era bom. Pelo menos dizias que sim. Ás vezes imagino-nos juntos outra vez. Era impossível, mas gosto de cenários utópicos. Nunca duas peças tão não-encaixáveis se conseguiriam encaixar tão bem como outrora o fomos. São momentos presos no tempo. Ficam bem assim. E isso custa. Quando queremos desenterrar passados vividos. Principalmente aqueles que foram melhores. Ou o melhor dos passados. É aí que apareces. Sempre. Quando faço uma retrospectiva, vejo-te sempre nos primeiros lugares. Acho que o espaço temporal que ocupamos na cronologia pode não ter sido muito vasto, em termos de datas, mas foi rico em momentos e vivências. Basicamente, faz-se muito em pouco tempo. Fica muito em pouco tempo. E isso faz bem. Um dia vamos dar um passeio na praia. Ver pessoas, conversar como já não fazemos, ficar abraçados e olhar para as coisas. Ficar só a olhar. Porque só o estarmos ali já vai ser bom. Tão bom que não vai apetecer fazer mais nada. Pode ser que algum de nós diga que gosta muito do outro, ou qualquer coisa do género, só para ficar bem na fotografia. Vão ser palavras de circustância, nada de coisa séria. Só para as vozes se irem ouvindo, para não as esquecermos quando nos separarmos outra vez. O beijo de até amanhã vai pedir um de quero-te, mas ninguém liga a essas coisas, já. Bem diferente doutros tempos, aqueles em que o até amanhã vinha depois do quero-te. E havia tanto quero-te que por vezes nem aproveitar a nossa própria companhia conseguíamos. E até nos entretíamos mutuamente com bastante facilidade. Ou chateávamo-nos. Uma das duas. De qualquer das formas, havia sempre alguma coisa em cima da mesa. Se voltasse atrás, mudava pouca coisa. Muito pouca. Para ser sincero, era capaz de mudar apenas uma. A forma como me comportei contigo. Viste o gosto de ti em algum lado? Acho que o enjoei. Vamos só estar juntos.

1 comentário:

Anónimo disse...

e o estar juntos vale por tudo, às vezes o gostar, estraga tudo e complica demais. os gestos, os olhares, os toques, têm tudo para dizer que gostam. *