quinta-feira, 10 de abril de 2008

Verde esperança

Nunca saberei se uma vida contigo seria trágica. Acredito que sim. Mas acredito também que teria uma vida cheia. Apenas por lá estares. E quando digo contigo não quero dizer juntos. Basta-me estares por perto, um dia ou outro. Ir ter contigo para me gozares quando levar uma tampa das grandes, contar-te o meu grande dia no trabalho ou apenas para levar-te mais um texto secreto, daqueles que escrevo só para ti. Sempre com um olhar irrequieto, como se após tantos anos ainda esperasse que reconsiderasses a tua vida. Por mim. E às vezes até o poderias fazer, e porventura trocar beijos ou mais, em dias perdidos no tempo. A nossa vida seria assim, triste e incompleta, mas de certa forma bonita. Bonita por nos termos, apesar de não estarmos juntos. O chamar-te para fora de casa, com urgência, só para dizer que as últimas semanas foram quase tão boas como aquele fim de semana naquela pensão a cair de podre, com camas barulhentas e empregadas resmungonas. E o teu sorriso a aparecer. Ah, como sinto falta dele... Costumava pensar que não me importava de sair de casa à mesma hora que tu, mesmo que só entrasse duas horas depois, só para poder apanhar o teu sorriso matinal. Era mais eficaz que um café - E eu não prescindo do meu. E ver os teus relacionamentos à distância, sempre na esperança que acabem rápido, para não te fazer sentir que estar comigo é uma traição. E contar-te os meus, mesmo que não queiras saber. Que queres. E despejar pormenores, para te ver soltar essas pontinhas de ciúme disfarçadas em sorrisos e gestos incriminatórios. Tudo rematado com filosofias sobre o porquê de não termos dado certo, apesar de tão bem feitos que somos um para o outro. O porquê de termos tido tempos tão felizes e não sermos capazes de passar disto. Se calhar a magia é mesmo esta, o saber de tudo e não tentar consertar nada. Deixar tudo no lugar, e ir aproveitando a vida como ela nos chega. Mesmo que ela nos obrigue a viver com a esperança de que um dia poderemos ficar juntos outra vez.

7 comentários:

Ela que veio da espuma do mar... disse...

" Tudo rematado com filosofias sobre o porquê de não termos dado certo, apesar de tão bem feitos que somos um para o outro. " (Frase mestra)

Era tudo tão mais fácil se nós, mulheres, e vocês, homens, não tivéssemos o gosto de complicar as coisas.

Ela que veio da espuma do mar... disse...

Sim, porque não somos as únicas a complicar :p Beijinho, Ruizinho *

Unknown disse...

Ui, nem digas nada. Essa mania mata-nos :) *

. disse...

Este provoca arrepio.
Que bonito *

Unknown disse...

Ainda bem que gostas :) *

Carla Dias disse...

Estou, digo-te....surpreendida!
Gosto do que escreves.
acredita... tens aqui farses que apetece trasncrever para o meu blog...mas fazes-me pensar que afinal existem relações ou ex relações que nos parecem únicas, mas que afinal... são "repetições"... como o ciclo que a vida é... afinal de contas, todas diferentes, mas arquivadas por pastas de temas ou situações.

Complicado, mas acho que se percebe.

Beijinhos

Unknown disse...

Perfeitamente, as vezes basta que haja umas pequeninas diferenças nessas repetições para que a historia seja toda diferente :) Ahah, eu avisei-te :P Oh, é um cantinho bonito. Obrigado :)