quinta-feira, 12 de julho de 2007

Noites

Estou na varanda onde fumamos o nosso primeiro cigarro. Desta vez estou sozinho. Mas tenho uma cadeira ao lado, vazia. Podias estar aqui tu. Podia estar qualquer pessoa no mundo. Embora te preferisse a ti. De vez em quando troco uma ou outra mensagem contigo, só para não ficar isolado do mundo e para que saibas que não és de deitar fora. As noites passadas sem fazer nenhum, ao som do luar e à luz das lâmpadas fundidas têm mais beleza quando partilhadas com alguém. Para ser sincero, o que mais gosto nesta varanda é a privacidade. Conseguimos ver muita coisa, mas ninguém consegue ver para cá. Ou pelo menos pensa-se que não. Agora que penso nisso, talvez se veja alguma coisa. Mas é daí que vem a adrenalina. Tive uma professora de história que uma vez perguntou à turma se alguém já tinha nadado nu, que era uma sensação incrível de liberdade. Claramente que ninguém se lembrou de responder pois ficou tudo a imaginar a professora a nadar nua num rio pobre qualquer. Uma varanda vai dar quase ao mesmo, não é que seja uma sensação de liberdade, mas pelo menos o calor que se costuma sentir normalmente é amortizado. Temos de fazer mais vezes, disseste com aquele sorriso de cabra envergonhada. Por acaso temos, quanto mais não seja para que o resto do prédio não consiga dormir com esses berros que acordam metade da cidade. Brincadeira, foi um teste ao teu controlo vocal, não acordaste ninguém. Acho eu. Saco outro cigarro e olho para os prédios lá ao fundo. É estranha esta calma toda, no meio de uma cidade tão agitada. Para dizer a verdade, nem sinto a tua falta, nem queria que estivesses aqui. Isto basta-me, por hoje. O vento lento e morno está mais afável que os teus carinhos em dias mais ternurentos. Para que é que precisaria de ti? Estou bem assim. Por hoje.

2 comentários:

Anónimo disse...

gosto deste! gosto de varandas :)

Fátima disse...

Gostei!