quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Rancor

Decidi morrer. É fácil querer morrer. O difícil é conseguir morrer. Enumero razões e vão todas ter a ti. A tua incapacidade... mata-me. Engraçado o jogo de palavras. Vou morrer para te libertar. Para conseguires fazer o que nunca conseguiste fazer comigo ou para mim. Vais chorar. Chorar tanto que a água que gastas num banho vai parecer uma gota de água. Vais chorar pelas vezes que o devias ter feito e pelas vezes que fizeste tudo para não o fazer. Vais ter dores insuportáveis e insónias constantes. Vou assombrar-te a cada esquina e fazer das tuas noites uma luta incessante contra o medo. Vou morrer para que possas mudar, mas vou fazer de tudo para que mudes para pior. Para que vivas no medo. Para que lhe chames azar sem saber que sou eu quem te pinta o destino. Para que chores nos ombros das tuas amigas e lamentes a minha morte, a falta que te faço e o que farias para me ter de volta. E nenhum sacrifício será suficiente, porque se há decisão que não tem volta a dar... é a morte. Vais aprender tarde, tal como eu, que aproveitar os momentos simples é tão ou mais importante que saber compreender os piores. Mas aí já vai ser tarde. Tarde demais para mim, que já não poderei abdicar do meu ódio, mas ainda pior para ti... não fosse a tua única forma de me ver... os teus piores pesadelos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Podes morrer…ninguém morrerá contigo. Repara, olha-a com atenção. Não vês que o sorriso lhe continua pintado no rosto? A tua ausência não lhe rouba a beleza etérea. Já não lhe fazes falta. Serás apenas uma recordação, pintada de negro, depois de todas as acusações gritadas, depois de todas as vezes que te humilhas-te para conquistares um coração que nunca foi teu. E magoa-te vê-los agora, de mãos dadas, lábios unidos, peles arrepiadas. Numa perfeição que nunca sentiste. E ela entregou-se assim, com uma facilidade e uma naturalidade com que nunca a caracterizaste.
É bem mais fácil vendar os olhos, cerrar os espelhos e apontar noutras direcções. Manter a mágoa e fugir pela porta que não fecha com lágrimas. Mas pergunto-me, onde erras-te? Quando vês agora o sorriso dela transcender um brilho com que nunca a possuis-te. Quando as palavras dela estão mais soltas, mais vivas e repousam numa segurança que talvez lhe tenhas escondido. Muitos diriam, facilmente, que os vossos corações não estavam destinados a bater juntos. Que cada um ama e se apaixona a seu modo, e que nem todos se verdadeiramente completam. Eu diria que mesmo que mudasses, que mudassem.. mesmo que desvanecesses todas as palavras e proferisses desculpas… não haveria retorno!

só para completar a tua história... :)

Unknown disse...

Bem, não te consigo refutar. Por esses parâmetros seria precisamente esse o caminho. Concordo plenamente e não me ocorre nada melhor para acrescentar ou rectificar. Um complemento perfeito, digo eu ;) *