Há um paradoxo engraçado nas minhas amizades, detesto gajos que se pareçam comigo, adoro gajas que se pareçam comigo. Devem ser problemas com a concorrência. Daí que quando diga as maiores virtudes de um bom amigo... elas costumem ser as que eu não tenha. Não suporto pessoas que me tentem cortar a boa disposição. Eu, que sou dos gajos mais pacatos que conheço, sou menino para andar ao murro só por causa disso. É o pior que me podem fazer. Era o que melhor (pior?) sabias fazer. Lembras-te? Não, claro que não. Era involuntário, já. Acontecia e pronto. Depois saíam-me uns
vai-te foder, do nada (dizias tu), e lá vinha a tua cara de espanto. Não sabias brincar não te metesses comigo. Ainda me acusaste de ser explosivo, depois. Explosivo, eu? Era explosivo mas era quando
brincavas comigo. Sim, este brincar foi com duplo sentido! Lembras-te daquele,
cala-te que já estou farta de te ouvir? Claro que te lembras, o jantar cheio de gente animada e tu ao meu lado, a conseguir falar menos que um poste e com menos expressões que um sinal de trânsito. Estava com vergonha tua. Ao menos sempre tivemos o bom senso de esconder as nossas coisas de quem nos conhecia, senão naquele jantar desconfio que te tinha corrido da sala, logo. Mas não tinha autoridade sobre ti, teoricamente. Foi a partir daí que tudo correu como correu. Acho que só o facto de te ouvir já me enervava. Nem que fosse a dizer que eu era o melhor gajo que já conheceste. Cansavas-me. E tudo porque querias que o meu mundo fosse parecido com o teu. O meu mundo não é difícil de mudar, difícil é fazer com que eu o queira mudar. O nosso problema foi nunca teres percebido isso.
1 comentário:
Ja leio o teu blog ah algum tempo, mas so no outro dia decidi comentar.
De qualquer modo tens aqui uma leitora assidua! ;)
O bom em ti é que consegues escrever aquilo que toda (ou quase toda) a gente pensa e guarda so para si, e escreve-lo muito bem!!
Continua!!!*beijinho
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