segunda-feira, 2 de junho de 2008

(Doenças) Crónicas

Vou explicar-te o que aprendi nesta viagem. Nunca mais me apanham sem caneta e papel por perto. Mas nunca. És a única por quem alguma vez faria algo digno de um admiro-te. Todo meu fanatismo pela felicidade conjugal e paz espiritual a dois se baseia na existência de pessoas como tu, que fazem do meu dia mais cinzento uma pequena nódoa num céu azul vivo. Nunca vai ser demais encher-te a cabeça com cartas perdidas em baús selados com a tua primeira letra. Ficar acordado uma noite inteira só para magicar uma maneira nova de te ver sorrir. Ah, objectivos de vida, cada um com os seus. Chama-me limitado, de vistas curtas, mas que culpa tenho eu de ver em ti um mundo que eclipsa todo o planeta? Curvo-me e entrego-me a ti, qual pobre esmola, munido de um coração doente. Doente por não te ter todos os segundos. Sedento de momentos, com um armazém de memórias infindável, insaciavelmente apressado com tentativas de o encher. Loucura desmedida, pega-me pelo pulso e leva-me para longe enquanto sentes o meu batimento cardíaco. Leva-me para longe daquele momento em que me diagnosticaram dez minutos de vida e eu não tinha onde escrever isto. Desconfio que foi a minha necessidade de te escrever que me salvou. Foi-me dada uma vida para to mostrar.

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