segunda-feira, 30 de março de 2009

Já fui gay. O meu sexto sentido safou-me.

Nunca pensei que os ciganos fossem a espécie mais odiada. Vocês são mesmo racistas.

Hoje não estudei porque me perdi a ver um documentário sobre tubarões tigre, martelo e de pontas brancas. Os últimos são os mais fofos. Têm um sexto sentido que - citando - os humanos não têm. Ah, aí é que te enganas, seu narrador estúpido. Lá porque passaste 15 anos da tua vida em universidades a tirar três mestrados sobre bichos e bichinhos, e outros 15 a observá-los no seu habitat natural, não te dá o direito de pensares que sabes mais sobre a existência ou não de um sexto sentido nos humanos do que eu, um gajo que tem um blogzito onde manda umas postas sobre relações entre humanos. Isto é claramente uma auto galvazinação que não posso deixar passar. Claro que os humanos têm um sexto sentido. Por exemplo, se um amigo meu me disser Rui, vamos ali tomar um café à Amadora? O meu sexto sentido dispara-me logo umas pontadas sensoriais que, traduzindo, se referem ás altas probabilidades de ser roubado ou até, morto a tiro. Pior que isso: se um cão se atravessar no meu caminho, o meu sexto sentido grita a plenos pulmões RUN FOR YOUR LIFE!, até porque sabe que nesta situação a probabilidade de ser morto é também maior do que, vá lá, se não estivesse lá nenhum cão.
Por falar em cães, há uma história engraçada que quero partilhar. Se fosse uma curta, chamar-se-ia O momento mais gay da minha vida. Intervenientes na história: Eu e um cão. Já captei o vosso interesse? Óptimo. Não, o cão não me foi ao cu. Já estraguei o interesse novamente? Pena. Ainda assim, continuem, vai ser abichanado na mesma.
Estava eu com os meus 13, 14 aninhos - idade mais que suficiente para um gajo se auto proclamar um homem e não fazer coisas como a que vos relato -, a sair do meu apartamento com o meu pai. Se o meu pai andar 10 minutos sem parar para falar com algum conhecido desconfio que o mundo acaba. Lá aconteceu mal saímos da porta. Blá blá blá whiskas saquetas, blá blá blá whiskas saquetas. O interesse da conversa era tanto que eu fui-me afastando dos dois. Quando estava já a uns bons 15 metros, avisto um casal de cães vadios a correr na estrada.

Tenho de fazer aqui uma pequena nota sobre este casal de cães: São provavelmente os animais pelos quais consegui nutrir maior ódio em toda a minha vida. Nem as centopeias que de vez em quando me apareciam no escritório, de madrugada, conseguiam destroná-los. Era certo que quando saía de casa os bichos tinham de aparecer. Eu sonhava com o dia em que tirasse carta - não era pela independência, nem pelo gosto de conduzir, era mesmo... - para matar aqueles dois cabrões, tatuar o dorso deles no meu pára-choques. Ladravam como se não houvesse amanhã, sujos como tudo, sempre cheios de fome, prontos para atormentar o dia de pobres crianças indefesas como a minha pessoa, com o maior pavor imaginável por cães. Ah, já agora descrevo-vos os cães, porque são mesmo nojentos. Estão a ver um pastor alemão? Agora imaginem uma coisa parecida, mas cheio de pulgas, pelo todo mal tratado, tamanho médio e sempre cheio de fome. O outro era pior. Todo preto, pelo encaracolado, tipo pintelho, ainda mais porco que o outro, ainda mais esfomeado que o outro. Para além disto tudo andava sempre todo arranhado e cheio de cortes no lombo - coisa que eu apreciava. Gostam deles? Eu adorava-os.

Adiante, os dois artistas são avistados a correr e dois milésimos de segundo depois o meu coração dá um salto que quase me parte a caixa torácica. E depois outros mil, piores ainda. Quem olhasse para mim devia pensar que eu tinha um vibrador enfiado em qualquer sítio - uma frase boa para uma história boa (caso queiram trocar a palavra boa por gay, estejam à vontade).
Imaginem uma rua com algumas pessoas - entre elas o meu pai e o gajo com quem ele falava -, quem é que os cães escolhem para chatear?
Possível falatório entre os cães: Vamos lá ver, estes são velhotes, não dão pica, aquela senhora ali ainda cai ao chão e morre depois temos de ir a tribunal e nem temos dinheiro para o advogado, aquele gordo ali ainda nos enfia uma patada e lá ficamos mancos de vez... Ui, olha aquele puto imbecil com ar de quem comeu nutela à pouco tempo e tem de a ir despejar a qualquer lado, vamos vamos!
Zau, direitos a mim. E pronto, já fui. É o meu sexto sentido que me está a dizer! São os meus últimos momentos. A vida passa-me à frente num segundo, como nos filmes. Mentira, isso nem sequer acontece - porque se acontecesse tinha-me acontecido. Lanço um olhar de desespero para o meu pai, como quem grita por ajuda, e ele está de costas para mim, a falar. Mesmo que olhasse, acredito que ele nem sequer saberia avaliar a gravidade da situação, a minha vida em riso, a 15 metros dele. Os cães aproximam-se cada vez mais, sedentos de carne adolescente, com os dentes arreganhados e olhos bem abertos.
Porra, isto não pode ficar assim, não vou sucumbir perante estes dois bichos que não fazem falta nenhuma à cadeia alimentar! Saco de toda a coragem que arranjo dentro de mim, inspiro o ar que me rodeia e procedo à acção que qualquer homem teria feito naquela situação...
...encolho-me todo e solto um grito estridente, bem alto, cheio de medo. Mas um grito mesmo estúpido, só visto. Deve ter durado dois segundos. Os cães ficaram a olhar para mim com um ar ainda mais estúpido, e pior que eles os dois só mesmo o meu pai, que olhou para trás e soltou um deixa-te de ser estúpido e anda para aqui. Olhei para os cães, que nem percebiam o que estava a acontecer, e fui-me arrastando devagar, ainda cheio de medo, mas já com um bocado de noção do que tinha acabado de fazer. O meu pai, vá-se lá saber porquê, acabou rápido com a conversa lá com o amigo, e olha para mim como quem olha para um alien. Pareces tolinho, ás vezes. Entrei dentro do carro dele sem falar e ainda hoje é o dia em que acredito que um berro gay, meu, pode paralisar cães e torná-los em seres (ainda mais) idiotas. Nunca mais tentei nada do género. Mas só porque nunca houve situação semelhante, aticem-me um cão caso queiram testar a teoria. Nem que seja um caniche. Já estive uma hora para entrar numa vivenda porque um amigo meu tinha comprado um caniche - bebé (bebé o cão, não ele). True story. Fica para outra altura que já chega de me humilhar publicamente.

7 comentários:

Palavras disse...

Boa! Não sou a única que se aparvalha com cães! :p o pior é que num grupo de pessoas os cães vêm sempre ter comigo a desafiar!
bjs*

Jazz disse...

Loool deixa lá..a minha mãe sempre me incutiu um pavor estúpido por cães, logo, também tive uma aventura do género perto do Why Not, numa altura em que sjm andava com uma "manada" de cães com o cio ou lá o que é que lhes dá para andarem todos colados..para aí uns 13, perseguem-me até à rua em frente ao Hot, até que me faço à estrada a correr (quase atropelada por um camião que buzina como quem "queres morrer ou quê?") e eles ficaram do outro lado..dias mais tarde sai no jornal que andavam a assustar pessoas e que os levaram para serem abatidos :| assustar só? É um facto que essa cena de vermos a vida a passar-nos à frente, não existe mesmo ;p

l. disse...

ahahah teve piada! será que o teu grito gay serve para mais alguma coisa?

serei a única a não gostar de bebés? :S

Inês disse...

lindo! valeu memso a pena chatear-te, estou a rir-me que nem tola! se algum dia fores a minha casa, lembra-me para fechar os meus cãos, que têm o dobro de um pastor alemão, senão alem do grito gay, és capaz de ter de afeminar mais qualquer coisa =P

Unknown disse...

- Comigo também, é incrível :|

- Eu morava aí! A história passou-se precisamente aí :D Não podia com eles... lol

- Para espantar público feminino, talvez. Ahah, sabia que tinhas de votar nessa :D

- Lolol, vou ver se me lembro disso então... Mas só pelo facto de teres tais bichos é muito provável que nunca faça tal coisa :p

Rui Rosa disse...

Sempre te achei algo abixanado!

(Já falta pouquinho para sentir o doce sabor do álcool nas minhas veias! xD)

***

Unknown disse...

Tens razões pra isso --'
Ahah, não desesperes, ta quase :)