sexta-feira, 11 de julho de 2008

Bom dia

Lavo a cara e dou por mim a olhar na direcção do peito, com os olhos encharcados, a indagar em que amor andará perdido o matutar do coração. Não chorei. Quando choro fico mais bonito. E não é, de todo, o caso. Esta cara inchada é o regresso ao mundo dos vivos. Há quem lhe chame o acordar. Perco um minuto, de braços estendidos, apoiados sobre o lavatório, como que a arranjar um propósito para não voltar imediatamente para a cama. Lembro-me de ti e da vontade que me dás de me por bonito todos os dias, a toda a hora. E lembro-me ainda mais da sensação de inferioridade que me invade sempre que te alcanço. Como se toda a beleza se subjugasse perante ti e todo o teu esplendor. É como viver na sombra de algo que idolatramos. Como se não me importasse de ser o eterno secretário do melhor empresário do mundo. Não é falta de ambição, é pura veneração. É a pressa de querer que os anos não se apressem. O terror de perder segundos. A eterna dúvida se todos são aproveitados da melhor maneira. Vou lavar a cara bem lavada, hoje não é um dia de dúvidas, de perdas ou de pressas. É o teu dia. Vou fazer dele o que melhor conseguir, para to oferecer. E não porque seja uma data especial ou tenhamos algo a celebrar. É o teu dia porque assim o quis. E porque assim o vou querer, até deixar de sentir aquele terror de te perder.

3 comentários:

Raquel Costa disse...

Palavras de um sábio... sábias são!!

There´s always some madness in love… but there´s also some reason in madness!

Nietzsche

Beijo beijo

Anónimo disse...

sempre que te leio tenho a sensação que ja tive vontade de dizer as coisas que dizes... deve ser por isso que passo ca tão poucas vezes =P

Unknown disse...

- Não podia concordar mais ;)

- Interpretei isso como um elogio :P Caso seja mesmo, obrigado! E, já agora, vou dar um salto ao teu cantinho (que por acaso vou visitando de vez em quando) :)