quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ferramenta.

Ah, grande merda, com que então dormiste mal? Foi, tive a estudar até tarde. O João viu-te na discoteca, cala-te.
E ás vezes é melhor assim, falar e virar costas, entrar no carro e ir embora. Até que podia estar naquele jogo (que é tão fixe) de saber das coisas e ir dando trela, vendo-a enterrar-se cada vez mais numa espiral sem saída. É sempre bonito ver uma pessoa a esfarrapar-se toda para esconder a verdade quando estamos fartos de a saber.
E então, correu bem? Ao que estudei, era melhor se não corria... Pois, imagino, coitadinha. Mas valeu a pena. Ainda bem que valeu, ao menos isso, estudaste quanto tempo mesmo? Oh, desde que me deixaste em casa, já estás a ver. Pois, isso dá quanto mesmo? Então, deixaste-me às dez, tomei um café lá para a meia noite, foi até às sete da manhã, sempre a dar. Sempre a bombar, ganda maluca...
Depois é uma questão do tamanho do vosso saco de paciência ser maior ou menor. O meu não costuma aguentar tantas frases, basta olhar para a face e descobrir um sorriso, sou obrigado a passar logo para a fase cala-te.
Quando era mais novo - e com isto refiro-me aos meus 5, 6 anos - comecei a aprender a mentir. E isto porquê, porque alguém me pediu segredo, e quando fui confrontado pela minha mãe nem disse sim nem não, fiquei ali no meio. Ao que ela, toda contente, disse ele não sabe mentir. Bem, não é verdade, visto que é quando nos dizem "não consegues" que mais depressa o conseguimos. A partir daí fui passando de mentira em mentira até ao ponto em que hoje consigo adornar com sucesso... o meu insucesso na faculdade. Ou seja, a capacidade de mentir depende sempre a quem impingimos a mentira, por isso, é bom que escolham um alvo apetecível, tipo uma mãe ou um pai (visto que estes gostam sempre muito de nós), ou a namorada/namorado, mas isto apenas caso o amor que sintam por vocês seja evidentemente louco. Cego, até. Porque abaixo disso há sempre risco. Oh, claro que se houverem desconfianças podem sempre meter aquele ar sério e magoado ao mesmo tempo e proferir a frase que move montanhas... não confias em mim? E depois partir rapidamente para outra abordagem, caso não surta efeito imediato: é que se não confiares esta relação não tem sentido nenhum! E pronto, nesta fase alguém se dá mal, ou quem proferiu esta última frase ou quem não a engoliu. Mentir é para todos nós como as derivadas são para o meu professor de Análise: ferramenta.

Já agora, deixem-me parafraseá-lo: Isto não sai nas frequências nem nos exames, mas vai ser útil toda a vossa vida, é ferramenta, tem de estar sempre convosco!
Bah, merda de professor cego de um olho, acabei a cadeira com 14, a copiar nas frequências todas porque ele não topava nada. Lá está, a mentira no que toca ás minhas noções daquela cadeira. Ela está sempre presente. Ferramenta, diz ele.

1 comentário:

Anónimo disse...

ahaha a mentira realmente safa nos de muitas coisas. mas nao dura para sempre. aprendi isso! =)