As minhas segundas feiras supunham-se bastante complicadas, um horário cheio das 10 às 7 da noite nunca é bom de digerir. Muito menos sabendo que à terça é das 8 da manhã às 7 da noite. É um começo de semana pouco aliciante. Pelo menos era o que eu pensava. No entanto Deus desceu à Terra e disse-me:
Amigo Rui, tu que tanto mereces e nada tens, estás prestes a receber a dádiva ultra-mighty-powered-ultimate-combo-explosion-coiso. E eu por mim tudo bem.
Eis que entro na primeira aula e qual não é o meu espanto quando a melhor coisinha que anda no segundo ano do meu curso se junta a mim. E tenham lá calma, que lá por andar em Engenharia Civil - para os que não sabiam, podem passar a pensar que sou trolha e feio (nao sou, sou um oásis naquele deserto - que expressão) - nem tudo o que me rodeia, no que toca ao sexo feminino, tem de ser deplorável. Admito que a esmagadora maioria possa ser, mas há sempre quem supere as expectativas - e em alguns casos (neste!), bastante, até. Voltando ao caso, posso adiantar que o contacto foi grande e a conversa ainda maior. Assuntos bastante interessantes e frases dignas de registo, como por exemplo... err...
Então a percentagem de finos é de 85%, logo é preciso multiplicar cada um dos componentes pela quantidade dada no início, certo? E eu só dizia que sim, a tudo. De notar que quando ela se referiu a finos, o que estavamos a estudar eram areias, e finos são os grãos mais... finos. Os maiores chamam-se grossos. Agora estão à vontade para idealizar um diálogo entre nós sobre finos e grossos. Despertou-me um certo desejo, não nego.
Finda a aula, e eu já dando graças a Deus por intervir no meu dia que se adivinhava penoso, a aula seguinte conta nas suas fileiras com outra senhora digna de registo, uma jovem com ar de coitadinha. Não sei porquê, mas tenho uma pancada por coitadinhas. Deve despertar o lado paternal que há em mim. Convém referir que embora coitadinha é bonitinha e bem feitinha, os meus padrões não sei baixam, mesmo estando a - vá lá, não queria ser muito rude, mas... - chafurdar na merda. Embora não tenha ficado mesmo ao meu lado (culpa minha, bem sei, que quando entrei na sala, fui para o lado contrário ao dela - e ela tinha duas mesas livres ao lado), o meu acto irreflectido revelou-se incrivelmente acertado. Não tendo passado nem 1 minuto, entra na sala uma referência do mundo feminino que me desperta desejos carnais desde que meti os pés naquele departamento pela primeira vez. É do meu ano, e é tão burrinha como eu, visto que frequenta quase todas as cadeiras que eu (note-se, atrasadas). Ou seja,
twin souls, claro está. Ora tendo então uma aula importante para assistir, ter duas pessoas assim por perto faz com que a concentração aumente uns 300%... nelas. E diminua drasticamente no que toca à aula. Aula perdida, testosterona ao rubro. Nesta não houve grande diálogo, embora logo no início tenha havido ali algo que talvez não tenha sido suficientemente lesto a descifrar. Ela abriu os cadernos para se situar na matéria e perguntou-me, com aquela voz de sempre, de quem mal sabe fazer contas de somar,
vamos aqui? E o que me saiu da alma foi
por mim vamos onde tu quiseres... Ahah, não, mas tinha sido engraçado, o que saiu foi um
sim, todo esganiçado, porque já não falava à algum tempo, e tive de tossir logo a seguir. Resumidamente, um desastre. Mas bonito, de qualquer forma.
Quando parecia que o melhor dia de aulas estava consumado, chega a última aula. Duas horas, o sacrifício. O pessoal à porta era o do costuma... botas (a imitar) timberland, calças de ganga, polo e camisa. O típico pseudo-engenheiro-trolha. Meninas nada disso. Um ou outro ser que se assemelhava ao sexo feminino, mas apenas por ter elevações na zona do peito, o que me levou a indagar sobre a possibilidade de ser apenas e só cancro pulmonar em fase terminal - sim, porque era muito difícil aquilo serem raparigas. Vejo a porta aberta e respiro fundo para o suplício, entro com pressa para arranjar um lugar porreirinho (este semestre ando estranho, vejo-me a sentar à frente e a ficar incomodado com o barulho dos outros, estou pela hora da morte) e sento-me sem olhar para mais nada. Tiro as coisas da pasta e... o mundo parou. Se não parou o mundo, parei eu, pelo menos. Junto ao quadro está a sobremesa que faltava à minha refeição. A amêndoa amarga depois de 20 copos de vinho. O vómito depois da bebedeira agoniante. Ok, paremos com isto. Estava, nada mais nada menos, que a minha professora. Vestidinho cinza curtinho, franjinha angelical, rabo de cavalo (que me levou a fantasiar durante uns 2 minutos sobre... bem, vocês deduzem), e uma carinha que me fez prometer a mim próprio na hora que não iria faltar a uma única aula no semestre inteiro. Tudo bem até aqui.
Ora então chamo-me bla bla bla, e só vos posso dar aulas até Maio, depois disso serei substituída por motivos óbvios. Primeira reacção: substituída?! Não pode! Então e a minha vontade de vir cá? Segunda reacção: quais motivos óbvios? Olhei-a de alto a baixo e... a razão estava ali a meio. Grávida. Pensei logo para comigo quais seriam as probabilidades dela ser virgem. Hmm, deixei de sonhar. De qualquer forma, não ser virgem ou já ter tido um filho é igual, na prática. E mudando repentinamente de assunto, perdi-me em cenários de camas com pétalas de rosas e aquelas coisas todas que aparecem nos filmes. É que, digo-vos, eu era gajo para ter uma relação amorosa estável que envolvesse o acto de fazer amor com ela. Só me fazia confusão a criança. Será que ao ter relações com ela o meu joaquim poderia atingir o novo ser? Era tão fixe, era capaz de ser o primeiro homem a conseguir fazer (realmente) amor com duas pessoas (tirando o sexo entre rabetas, em que quase tudo é possível). Entrava na mãe, e com delicadeza... entrava na filha. Tinha era de rezar muito para não ser um filho senão lá ia eu pelo mundo da homossexualidade dentro sem saber como. E a calma dela a escrever no quadro? Mão esquerda (uh, a mão esquerda...), traços bem delineados, enquanto falava de um forma mais suave que os anuncios da
Dove. Deixa lá ouvir o que ela diz senão lá se vai mais uma aula...
Já sabem, próxima aula sexta feira, até lá. Hum? Já acabou? Duas horas assim? Um misto de alegria e tristeza invadem-me, ainda bem que acabaram as aulas, mas fazia o sacrifício de idealizar mais cenários de amor com ela durante muitas duas horas. Nunca mais chega sexta.
É bom que se diga que nomes de meninas, professoras ou disciplinas não tenham sido definidos por mero medo que algum dia tais pessoas vejam este texto. Ou, pior ainda, que já saibam do blog. E se realmente souberem? Que dilema. Publico, não publico? Vou publicar só porque é muito extenso e guardar um dia destes só para mim é muita coisa.