segunda-feira, 27 de julho de 2009

Esperas e planos

Contei as horas passarem, enquanto olhava a luz esfumar-se pela janela com a cortina aberta. Irrompeste da noite, fazendo do quarto escuro o local mais brilhante da cidade. Escondi-me, no rasto de borboletas que deixavas pintadas no chão, a cada passo. Eram azuis, bem claras, e esvoaçavam tristes, como se deixarem de fazer parte de ti fosse a maldição superior que lhes tinha sido reservada. Com inveja, olhei a cadeira onde te sentaste, vagarosamente, de ar cansado. Despes as angústias do dia-a-dia e escolhes a expressão facial perfeita para me tirar um sorriso – ainda maior. Parar o olhar em ti, nestes momentos, é tão sublime que me faz querer passar horas a antecipar o toque da tua pele. Talvez para saber melhor, talvez de tão bonito quadro se tratar. Um dia vou comprar-te um banco e uma tela, e ficarei uma semana a ver-te pintar, de lençol entrelaçado no corpo. Escrever-te-ei todos os dias, enquanto te fito, e obrarei um best-seller, um elogio ao amor. Levantas-te com graciosidade e em passos pequenos – pequeninos - aproximas-te de mim. Deitas-te, transformas a cama em rede dupla, presa a duas palmeiras numa ilha exótica, e ficamos a coleccionar queimaduras solares em plena madrugada, enrolados na confusão de membros mais mimada que encontramos. Corremos o céu a reservar constelações, a alugar pedaços de lua e a projectar viagens a planetas distantes. No fim, não temos absolutamente nada do que planeámos, durante a noite, mas vamo-nos tendo, e enquanto assim for, não há um despertar sem que olhe para o lado e me cause a melhor disposição da vizinhança. Eles não sabem o meu segredo, nem vão saber, não abdico dele por nada. A culpa é tua. Sempre tua.

Troglodices

Rasgas a noite em tons delicados, e deixas um rasto brilhante atrás de ti, qual estrela cadente. Embrulho-te a face com as mãos, guardo-te em segredo e sussurro - não fujas, sim? Crava em mim o teu perfume, e deixa-me na beira da estrada, sentado, a inspirar-te. Prometo não fugir até que um dia voltes, nem que fiques longe muito tempo. Nem que demores um vida, vou tentar ser simpático quando tocares à campainha - talvez resmungue um pouco e faça a primeira birra. Mas diz que não, que não vais esperar pela velhice para dizer que sim. Diz-me agora o que disseste ontem e o que reafirmaste hoje. Conta-me histórias e perde-me em memórias, enche-me de sorrisos e beijos e deita-te comigo, que eu protejo-te do frio do Verão. E relembra-me amanhã, que as palavras perdidas nos dias de hoje, estão guardadas na caixa vermelha dos melhores momentos do passado. Se algum dia eu te faltar, não temas, ter-me-ás onde sempre me tiveste, bem no centro da metade esquerda da caixa torácica. Tranquei-me dentro de ti. Agarrei-te. Escondi a chave bem longe, vi-te e sorri. Não te largo nunca mais.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Auto-Broche

A melhor fonte de teorias para vomitar no blog é, claro está, a conversa de gajos. Acontece que há algo de que já me apetecia falar à muito tempo, por cá, mas, pronto, nunca aconteceu. Será então preenchida a lacuna. Falo, como talvez tenham deduzido pelo título, do sexo oral auto induzido. Impossível, dizem vocês. Falso, respondo eu.
Era eu ainda um jovem catraio, quando surgiram rumores de que o guitarrista do Marilyn Manson teria retirado uma costela para poder - e cito o que se ouvia na altura - fazer um broche a si próprio. Ora um boato destes segue o caminho de todos os boatos de coisas escandalosas - passa por verdade. Depois uma pessoa cresce e pensa de forma diferente: Pá, e quando um gajo era puto e acreditava naquela merda do gajo que tirou a costela p'ra se brochar? Só mesmo gajos como nós para acreditarmos nisso... Mas lá que era uma coisa de rei, isso era.
Era eu ainda um jovem, também, quando comecei a perceber que o facto de contorcionistas estarem na televisão e a minha pila crescer poderia estar relacionado. Percebi, depois, que elas devem fazer sem problemas a tarefa a que o tal guitarrista se propunha. Ou seja, está provado que não é impossível.
Melhor: para que raio uma pessoa quer fazer oral a si próprio? Pessoal, que seja a última vez que me fazem uma pergunta tão idiota. Respondo-vos com uma pergunta:
Para os gajos:
Preferem uma punheta ou um broche?
Para as gajas:
... Não vou ser porco, acho que deduzem. Para quem não deduz, a pergunta acaba em minete.
E se por um lado há muitas raparigas que não simpatizam muito com o minete, garanto-vos que não há gajo que se arme em esquisito com o broche. Se o vosso mais que tudo não gostar muito, das duas uma: ou está a mentir (paragem cerebral, certamente) ou vocês é que não gostam e ele é manso ao ponto de não conseguir dizê-lo.
Isto leva a outro tema frequentemente discutido, e que está intrinsecamente ligado ao que tenho vindo a dizer desde à muito tempo para cá: na masturbação podemos - e cito um caro colega de curso meu, famoso por certas expressões - foder as melhores gajas do mundo, basta querer. Agora digo eu: imaginem meter as melhores gajas do mundo a fazerem-nos um broche! Já se consta que, caso algum dia seja possível tal prática, os relacionamentos com o sexo oposto ficam em vias de extinção. É como convidarem um gajo para ir jogar futebol e rejeitar por ter o PES em casa. Não é a mesma coisa, mas não deixa de ser futebol.
O grande entrave à aceitação desta prática - há sempre um senão - é, vendo bem, o mais óbvio: teríamos, nós, gajos, de fazer um broche. Tudo bem que é a nós próprios, mas um broche é sempre um broche. O melhor pensamento para ultrapassar esta barreira seria o de que já batemos punhetas a nós próprios, a partir do momento em que isso é aceite como um acto másculo, porque razão fazê-lo com a boca não o seria? (Hesitei bastante em escrever o final desta última pergunta, a expressão fazê-lo com a boca estava dar-me uma certa volta ao estômago.) Isto para não falar de que depois seríamos todos catalogados em dois tipos de gajos, os que cospem e os que engolem. (Deus, ajuda-me) Ok, vou parar com estas teorias, estou a sentir-me homossexual. Viram? Escrevi homossexual em vez de paneleiro. Paneleiro! Fala mas é de gajas.
Última coisa, em defesa das mulheres: então e o pipi, pá? Não iam vocês sentir falta dum pipi, sempre a levar com broches e punhetas? Não posso responder a essa pergunta com bases científicas visto que não sei de casos de pessoas que só tenham tido broches e punhetas auto induzidos durante um período alargado das suas vidas - só punhetas conheço muita gente, mais de meio mundo, provavelmente -, no entanto se é certo e provado que não vivemos sem vocês, e vocês sem nós, mais verdade é ainda que não vivemos sem o pipi, tal como vocês também se vêm aflitas para sobreviver sem a pila. Por isso não temam, por muitos estratagemas que o cérebro masculino magique para tentar criar uma certa independência vossa, eles esbarrarão na eterna necessidade de vos ter por perto, para o bem ou para o mal, para a paz ou para a guerra, para o broche ou para o minete.
De qualquer forma vou tentar aprofundar os meus conhecimentos com contorcionistas, para saber mais sobre a temática do sexo oral, para poder - apenas e só - ter novos argumentos quando tal assunto for novamente puxado em discussões.

domingo, 12 de julho de 2009

Conselho

Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar. Estuda, já está quase a acabar.



E a frase votada como a mais proferida nesta época é... Para o ano é que vai ser!

Mas vai ter de ser, mesmo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sondagem - Análise

Então e na altura desta última Queima, andaram ao amor?

9 (16%) Não, sinto-me tão feio/a
5 (9%) Só uns beijitos, conta?
1 (1%) Fiz o filme a tudo o que passava, mas ninguém colou.
9 (16% Fizeram-me o filme, mas cortei tudo, sou inacessível
3 (5%) Claro, mas várias vezes, Queima é Queima!
4 (7%) Sim, e apaixonei-me! Obrigado Queima!
1 (1%) Faz-se mais alguma coisa na Queima?
7 (13%) Não te vi na Queima.
14 (26%) Sou a vizinha do andar de cima, Rui, deves saber bem que fodi que nem uma porca, não ouviste a cama a chiar e os gemidos? (Ouvi sim, sua gorda, não me deixavas dormir!)

Total de votos: 53


Bem, antes de mais tenho a dizer duas coisas:
1 - Esta votação foi quase tão concorrida como as eleições para a presidência do Benfica.
2 - Espero que a vizinha do andar de cima não leia o meu blog.

Sabem o que é bom em tempo de exames? Falar da Queima. Não, pois não? Pois não... Mas por amor à pátria, lá faço o sacrifício, por vocês.
Parece que a Queima já foi à tanto tempo que falar dela parece falar das brincadeiras de criança que tinha num pátio (Adoro a palavra pátio, lembra-me sempre pato. E dá para trocadilhos. Arroz de pátio...? Pronto, cala-te.) no meio de uns prédios perto de minha casa. Para que conste, nesses ditos prédios morava a minha professora primária - é casada, e o marido teve uma trombose, zau, mereceste, pelos castigos que me deste ao longo dos anos. Onde ia? Ah, Queima. Se me faltarem as memórias para basear o meu estudo perdoem-me, mas a minha memória não é de ferro. Muito menos nessa altura.

O que retiro dos resultados desta sondagem é uma conclusão muito simples, nenhum votante andou ao sexo. De seguida apresento a minha teoria:
Hipótese 1: Partindo do princípio que são vocês os primeiros a dizerem que não andaram, e que ainda por cima são feios/as, quem sou eu para duvidar ou, pior, tentar mudar a vossa opinião? Ninguém. Continuem feios e para o ano estarão a votar na mesma opção.
Hipótese2: Só uns beijitos não faz um acto sexual. E aquela vez que apanharam o vosso alvo todo bêbado/a e lhe sacaram um beijo não devia contar, mas como sou apologista dessas coisas - e a Queima também - dou-vos crédito por isso.
Hipótese 3: Um votante, apenas. Coitado. Ao menos és sincero (não quero imaginar uma votante feminina nesta hipótese). Então andaste lá na pesca furtiva e nem um robalo levaste para o jantar? Mas admiro a atitude, o pensamento é que mais cedo ou mais tarde alguma coisa cairá na rede. Eu acredito em ti!
Hipótese 4: Pfff, mas que grande mentira. Com que então muito cobiçados, hein? Lá por alguém meter paleio convosco não quer dizer que vos quer comer. Lá por alguém vos oferecer uma bebida não quer dizer que vos quer comer. Lá por alguém vos meter a mão na cintura não quer dizer que vos quer comer. Lá por alguém atacar os vossos lábios e desatar a tentar meter a mão em tudo que é sítio não quer dizer que vos quer comer. Pronto, quer. Mas não comeu - sou inacessível, dizem vocês. Logo não andaram ao sexo. Mas o ponto importante desta hipótese é que: vocês acham que demasiada gente vos quer comer, quando as pessoas na Queima querem é confraternizar, o sexo é a última coisa em que se pensa nessas alturas. *irony mode off*
Hipótese 5: Mentirosos outra vez. Dos 3 votantes, talvez um o tenha realmente feito, mas é pouco provável. A votação era para dizerem o que fizeram, não para descarregarem utopias. Bem sei que o blog já se chamou Utopic Nights (tão gay, valha-me deus), mas já passou a Noites Difíceis, acho que pode estar de algum modo ligado à vossa prestação na Queima. Vale a coragem. Se votaram de consciência tranquila, cumpriram com a tradição, e isso é um orgulho para a comunidade académica.
Hipótese 6: Faz-se: bebe-se e anda-se a rebolar pelo chão do recinto. Embora possas beber enquanto andas ao sexo. E rebolar, também. E no chão do recinto, também. Nunca experimentei - nenhuma delas. Mas a mim não me enganas tu, seu votante toleco, que vens para aqui dizer que não fazes mais nada na Queima a não ser afogar o ganso. Repara: a Queima durou mais de uma semana, e por Queima entende-se todo o período de 24 horas diário, desde a serenata até ao encerramento. Ora o que afirmaste foi que não fizeste mais nada na Queima a não ser isso. Acho fisicamente impossível. O corpo humano não aguenta mais de 3 dias sem água, percebes? A não ser que sejas o gajo daquele programa do Discovery Channel, o Ultimate Survival, que come tudo que lhe aparece à frente e anda por sítios que não lembram a ninguém (um bocado à semelhança de todos nós, na Queima).
Hipótese 7: Oh, não digam isso que fico de coração partido. Eu estive à vista de todo o mundo, sempre muito feliz e pronto a receber o abraço caloroso de quem me lê. Aliás, ainda falaram comigo sobre o blog umas vezes, mas não rolou nada. A maior parte das vezes por terem sido gajos a fazê-lo. Sortes. Mas não desistam, por favor (não estou a falar para os gajos, obviamente).
Hipótese 8: Com que então um T3 e vivem 14 pessoas aí em cima? Pois bem me parecia que a barulheira que se ouve quase todos os dias não é por acaso. Ou então a gorda é tão gorda que vale por 14. E vale mesmo. Esta última hipótese é a excepção que confirma a regra. Esta sei bem que andou ao sexo. Aliás, esta não andou ao sexo, esta fodeu e fodeu bem. Foda-se, é triste chegar a casa bêbado, querer dormir a todo custo na nossa cama (que é a melhor coisa do mundo, quando se chega da noite) e haver algo que nos impede. Algo barulhento. Algo que chia. Que geme. Que grita. Que... dá lapadas. Com força. (a certa altura estive para chamar a polícia, pensei que pudesse estar a ser espancada, coitada) E o Rui que vos ature as diabruras. Que vos ature 3 vezes numa semana! (O que é grave, porque é a prova de que quem lá foi gostou - acho impossível. Podem ter sido também três clientes diferentes - mais possível. E provável.) E depois não se queixem do mau humor do dia seguinte, se me virem com olheiras não me perguntem o porquê - fodam menos!. É que foi o ano todo num silêncio total, chega-se à Queima e é o desabrochar (Gostaram da palavra desabrochar? Está mesmo adequeada à situação. Eu acho. Quer dizer, suponho.) da loucura. É isto que eu admiro nestas épocas, lá se vai o pudor, os princípios e que venha tudo que envolva o açambarcar de uma boa pila. Que o digam vocês, 14 pessoas do andar de cima, certo?